Caroline:
Michael realmente parecia esquisito hoje, como se seus olhos claros estivessem nublados e, ao mesmo tempo, brilhando. Ele estava apaixonado, que lindo! Se existe uma coisa ótima para tirar seus problemas da mente, é tentar resolver o dos outros, isso sem comentar que eu ADORO dar conselhos amorosos, ainda mais depois de toda a experiência adquirida nesses últimos dias.
– Isso tudo é por causa de mulher! Você quer um conselho? Depois desses dias com Justin digamos que eu tenha virado uma perita em relacionamentos...
Sem falar nada, Michael se aproximou e me beijou. WTF? Não poderia ser eu a tal garota!!! Não! Não! Não! Comecei a tentar me afastar, mas Michael usava sua força para continuar me mantendo perto, era inacreditável, como isso podia estar acontecendo, meu Deus? Eu não queria machucá-lo, mas onde Michael estava com a cabeça para me agarrar, sem respeito algum? Mordi fortemente seu lábio, enquanto ele se desestabilizou, dei um tapa em seu rosto e saí correndo.
Depois de alguns segundos correndo, precisei parar. Estava respirando de forma irregular e detestava que as coisas saíssem tão errado. Por que esse tipo de coisa só acontece comigo? Estou sozinha, sem saber voltar pra casa, meu ‘melhor’ amigo tentou me agarrar, qual o problema com os homens desse mundo? Qual o problema comigo? Inferno! Sem perceber estava chorando de novo, que saco! Comecei a correr novamente, se era pra ficar perdida, que eu descarregasse toda a minha raiva.
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Justin:
Depois de um tempo olhando para o nada, decidi ir para o lugar que mais me agradava, uma ponte de madeira, iluminada com tochas. Apaguei quase todas elas, deixando apenas uma acesa. De repente no escuro, acompanhado com minha garrafa de vinho, em silêncio, eu conseguisse entender o que acabou de acontecer e achar um jeito de tirar Carol da cabeça.
Um tempo depois, ouço um barulho e um grito. Alguém se machucou.
– Ok, universo, mais alguma coisa? Quem foi o idiota que deixou essa garrafa aqui?
Estava muito escuro para definir quem era a tão educada garota, parecia com Caroline pelo tom de voz, mas isso era meu subconsciente idiota, Caroline não estava aqui, estava lá, dando para o Michael. Caminhei em direção a tal garota para ajudá-la.
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Caroline:
Se estiver faltando mais alguma coisa, tipo quebrar a ponte, universo, faça agora, ou cale-se para sempre. Quem era o imbecil que tinha deixado uma garrafa em uma ponte? Acho que machuquei minha perna, c a r a a l h o. Eu devia ter me enfiado embaixo das cobertas e ter ficado em casa.
Alguém estava vindo em minha direção, que não seja um assassino, por favor. Como está escuro, a pessoa ao invés de me ajudar, acabou pegando exatamente a mão com a qual eu estava tentando levantar. Resultado: Caroline, idiota, cai na água, que, obviamente, estava congelante.
Gargalhei. Esse era definitivamente o fundo do poço.
– Porque é claro que sempre pode ficar melhor!!!
De repente uma tocha se aproxima, adivinhem quem está segurando? Dou um ex melhor amigo pra quem acertar.
– O que você está fazendo aqui?
Justin parecia surpreso, não mais do que eu. No fundo eu deveria imaginar quem seria que além de me fazer cair na ponte, me fez cair DA ponte.
– Só podia ser culpa sua! Que inferno!
Eu sei que estava descontando todas as minhas raivas nele, mas se eu não conhecesse Justin, não conheceria Michael, não seria assediada e não estaria no lago, tremendo de frio.
– Reclame mais um pouquinho e eu afogo você.
– De todo, não seria uma má ideia.
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Justin:
Quando vou tentar ajudar a garota que caiu, acabo empurrando-a para fora da ponte. Na tentativa de auxiliar, peguei a tocha acesa, com quem dou de cara? Caroline, com expressão furiosa, olhava para o céu, brigando com o universo. E depois de ficar com o MEU amigo, ainda queria me culpar pelas coisas?
A puxei pelo braço e trouxe para a ponte novamente. Caímos um por cima do outro. Ela deitou em meu peito.
– Posso ficar aqui só um pouquinho? Por favor.
– Você está bem, Little L.?
– Já estive melhor, na verdade.
Passei a mão em seu rosto. Peguei meu casaco que estava jogado no chão e a enrolei nele. Sem relutar, pela primeira vez, aninhou seu rosto em meu peito, perto do meu pescoço e ficou em silêncio. Mais uma vez éramos nós dois, no lugar mais improvável. Eu tinha várias perguntas sobre Michael, sobre o porquê do mal estar dela, mas sabia que tudo isso poderia esperar. Por enquanto, me sentia satisfeito em afagar seu cabelo molhado e tentar fazer com que ela se sentisse confortável.
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Caroline:
Justin afagava meus cabelos e me segurava forte, eu estava molhando-o e mesmo assim ele cuidava de mim. A única tocha que iluminava o parque faria com que toda essa cena fosse romântica se não fosse trágica. Me aninhava cada vez mais em seu peito, era uma espécie de refúgio, ou ponto de equilíbrio. Pode ser que o universo fosse me dar uma pausa e como eu a queria.
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Justin:
Caroline continuava em silêncio e isso era estranho, nunca, em todo esse tempo, consegui ficar mais de dez minutos sem falar com ela, isso até quando estamos brigando.
– O que está acontecendo com você?
Ela olhou profundamente em meus olhos, abriu a boca, depois fechou, depois abriu.
– É uma longa história.
– Temos tempo.
– Eu posso confiar em você?
– Se você ainda precisa perguntar...
– As coisas meio que deram errado hoje. Todas juntas. Eu não sou tão forte.
Então começou a chorar. Eu não posso vê-la assim, já a vi dessa forma, naquele incidente com Jess e queria sumir por não conseguir fazê-la se sentir melhor. Sentei e a abracei forte.
– Little L., acalme-se, as coisas vão se resolver. Mesmo quando parece que não, elas sempre se resolvem. E eu estou e sempre estarei aqui por você. Mesmo que talvez eu não seja a melhor pessoa, ou o garoto certinho que você precisa.
– Eu não preciso de garoto certinho, eu preciso de você.
Caroline me beijou, conseguia sentir o gosto de salgado de suas lágrimas, que u ia removendo cuidadosamente. Ela me puxava como se nada mais existisse ou importasse. Eu ainda queria saber o motivo para ela estar tão emotiva assim, ainda queria saber porque ela tinha beijado Michael, mas não me importava de espeae, nós temos todo o tempo do mundo.
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Michael:
Enquanto eu procurava de forma desesperada por Caroline ela estava nos braços de outro (ok, pareceu frase de marido traído), mas é verdade. Mesmo com todas as burradas de Justin, ela ainda corre para os seus braços. Vejo o casalzinho feliz se beijando em uma ponte. Parecia cena de filme.
Filme em que eu era apenas um figurante, sem falas, com ações pequenas, pelo qual nenhuma das fãs se apaixonaria, ou sequer perceberiam a presença. Elas passariam ao meu lado na estreia, sem nem saberem quem sou. E eu ainda pensei que minha atitude tinha sido errada e que poderia ter magoado os sentimentos dela. E com os meus sentimentos, quem se importa?
Você é um idiota Michael!