Caroline:
– Surpresa em me ver?
– Na verdade, sim. Como você sabe onde eu moro?
– Esqueceu quem é seu vizinho de porta?
– Deveria, mas ainda não esqueci. Quer entrar?
– Não quero atrapalhar, você parece ter um encontro.
Olha só que pessoa mais fofa, gentil, querida? Não quer nem entrar pra não atrapalhar meu encontro... Por que eu nunca gosto desses?
– Ora atrapalhar. É até bom você estar aqui, porque parece que alguém recebeu um toco do par que está atrasado há algumas horas.
– Que pena, porque ele não sabe o que está perdendo, você está linda!
Pra variar, senti meu rosto corar.
– Não querendo me meter demais na sua vida, mas posso saber quem é o seu encontro?
– Adivinhe.
– Não. Diga que não é ele.
– Bingo! Como você adivinhou assim de primeira?
Michael riu e de repente ficou sério.
– Você sabe que Justin tem uma namorada, não sabe?
– Sim, eu sei. Só que hoje nós passamos muito tempo juntos, trancados no elevador, descobri muitas coisas sobre ele e pensei que talvez tivesse feito uma imagem errada. Ele disse que iria dar um jeito de resolver as coisas com ela. Eu acreditei. E repetindo em voz alta me sinto um pouco patética.
– Que é isso Carol? Você não é patética, talvez ingênua, mas patética, nunca. Justin tem a incrível habilidade de conquistar as pessoas facilmente, mas nunca, NUNCA, chegou a mencionar o fato de mexer em seu relacionamento com Jess, mesmo que hipoteticamente. Não se iluda, mas que você abalou Mr. Timberlake, isso é confirmado.
– Ai Michael, já não sei o que fazer, essa coisa de nunca saber o que esperar de Justin, ao mesmo tempo em que é boa, está me esgotando e mesmo que eu finja que não me importo, acabo cada vez mais envolvida.
– E parar é uma possibilidade, você sabe.
– Eu sei, mas não consigo.
– Não consegue? Ou não quer?
– Na verdade um pouco dos dois, mas de repente depois de hoje eu crio vergonha. O que duvido muito.
– Caroline, Caroline...
– O que foi? Autoconhecimento é uma dádiva.
Michael caiu na risada.
– Sábias palavras...
– Então, qual a razão da visita? Saudades?
– Principalmente, como te disse na festa, ter te encontrado salvou minha noite.
– Que coisa mais linda!! Você me salvou de bons vexames, também.Quer beber alguma coisa?
– O que você tem?
Apontei na direção do bar improvisado que tinha feito no cantinho da sala e ele sorriu.
– Você nem terminou de desempacotar suas coisas, mas o bar já está quase pronto?
– Tudo é uma questão de prioridades.
– Você sabia que eu já fui barman?
– Uau, você pode ser mais perfeito?
– Não posso estragar as surpresas, deixa o tempo mostrar...
– Menos conversa, mais bebida.
– O que você quer beber?
– Me surpreenda.
Michael mexia e balançava as garrafas de um jeito meio fofo, tentando me impressionar, ao mesmo tempo em que tirava sarro de si mesmo. Conversamos muito, era simples e leve conversar com ele, falamos sobre filmes, músicas, nossos empregos... É claro que eu ainda adoraria saber onde a porcaria chamada Justin Timberlake estava, mesmo assim fingia que estava tudo bem. Então ligamos o Xbox e começamos a dançar ‘Just Dance’. Michael, combinado com os milhares de drinques, dançava muito mal, e estava me divertindo demais com ele. Sem dúvidas é uma das pessoas mais legais que conheci desde que me mudei para cá.
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Justin:
– Posso ajudar, lindo?
Uma garota loira, com várias tatuagens nos braços me encarava, com expressão de ‘muitos amigos’.
– Uma bebida. A mais forte que você tiver, de preferência.
Me sinto um lixo. Será que eu iria descobrir algum dia? Ou Continuaria pensando que Jess era A garota para mim? Chegaria a casar com ela sem imaginar que ela estava todo esse tempo me traindo pelas costas?
– Noite difícil?
– Você nem imagina.
– Você pode me contar... Por que um cara tão lindo como você teria problemas?
– Digamos que eu escolha as pessoas erradas. Mas me passe a garrafa.
Enquanto a garota me olhava, bebi mais um pouco.
– Minha namorada de quatro anos me traiu com um dos meus melhores amigos. Hoje, quando fui contar pra ela que eu estava apaixonado por outra garota e não queria ferir os sentimentos dela, peguei os dois no meu banheiro. E isso já fazem meses! Poxa, eu ia casar com ela um dia.
Minhas palavras já não saíam como eu pensava e estava ficando tonto.
– Sinto muito, loirinho.
– Loirinho. Minha garota me chama assim.
– Não fale mais dela, você precisa esquecer...
– NÃO, não é essa. Minha outra garota, a por quem estou apaixonado e, mesmo conhecendo a alguns dias, me fez deixar toda a estabilidade... LITTLE L.? ONDE VOCÊ ESTÁ?
– Você quer que eu ligue para ela?
– Não. A única coisa que eu quero é uma garrafa de uísque.
– Daqui a pouco o bar vai fechar.
Eu via que todas as pessoas estavam indo para suas casas. Só eu continuava ali, mas não tinha para onde ir. E também não queria ir a lugar algum. Minha garrafa estava vazia.
– Moça, preciso de mais uma dose.
– Nem que eu pudesse. Justin, eu vou ter que fechar. Agora posso ligar pra alguém te buscar?
– Não. Eu consigo sozinho.
Dei um passo e quase caí.
– Me dê o telefone, vamos conhecer essa tal Little L.
– Não,ela não pode me ver assim!
– Justin, se essa garota significa tanto vocês devem ter uma ligação. E se têm ela vai vir, não importa como ou onde você está.
Fiquei calado enquanto ela ligava, mas e se Caroline não viesse? Eu sinceramente não saberia como agir.
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Caroline:
Michael e eu já estávamos exaustos no sofá, depois de tanto dançar. Ele já estava quase indo para casa quando o telefone toca.
– Alô?
“Você é a little L.?”
– Olha aqui, se Justin pediu para você me ligar só para me mostrar o quão idiota eu sou, posso desligar, porque já sei sozinha...
“Hey, calma garota. Seu namoradinho está podre de bêbado no meu bar. Preciso fechar e ele precisa de você.”
– Bem, por mim, pode deixar ele aí mesmo. Ou coloque em um táxi e mande pra casa, ele com certeza pode pagar.
“Nossa, mas você é esquentadinha mesmo! Ele passou por muita coisa hoje, mas é uma boa pessoa. E louco por você, mas a todo caso vou levá-lo pra minha casa.”
– Qual é o endereço?
Não acredito que uma desconhecida de um bar saiba mais sobre nossa ‘relação’ do que eu. “Ele passou por um dia difícil”. E eu que fiquei esperando feito uma idiota e ainda tenho que buscá-lo de um lugar quando devia estar comigo?
– O que houve Caroline?
– Adivinha: Justin está bêbado em um bar aí. Tenho que ir buscá-lo.
– Ele te deixou esperando pra estar em um bar bêbado e você ainda quer resgatá-lo?
– Não é bem querer, mas não posso deixá-lo.
– As escolhas são suas.
– Exatamente, nem todos são príncipes Michael, mesmo assim eu tenho que ir.
– Posso ir junto?
– Não é necessário, obrigada. Mesmo assim, eu me diverti muito, espero que nos vejamos outro dia.
Ele se aproximou para me beijar.
– Eu não posso.
Então me deu um selinho.
– Eu realmente estranho o jeito como vocês tratam os amigos nessa cidade.
Juntos, pegamos o elevador e enquanto conversávamos só pensava que precisava resgatar o sapo do conto de fadas, Justin Randall Timberlake.
