Caroline:
Estava furiosa, era o que faltava mesmo! Caroline descoordenada tinha que bater nas pessoas! Sequei as lágrimas, funguei e resolvi pedir desculpas, a pessoa não tinha culpa que meu pai fosse um louco.
– Me desculpe! Sou um pouco idiota.
Então me virei para ter certeza, de que a pessoa tinha entendido.
– Michael? O que você faz aqui?
– Vim te visitar, mas acho que cheguei em um momento ruim.
– Sinto muito, mas estou de saída, preciso caminhar um pouco. As coisas não vão muito bem...
Sentia que iria desabar, então funguei mais uma vez e olhei para baixo. Michael virou meu rosto em sua direção.
– Você está chorando?
Não, seu babaca, estou testando colírios. Qual a necessidade das pessoas perguntarem uma coisa que já é óbvia? E qual a necessidade de eu chorar compulsivamente ao invés de simplesmente dizer não?
– Não.
Michael me abraçou apertado, desabei contra ele, era bom ter um conforto.
– Eu preciso ir.
– Não vou deixar você sozinha, posso ir junto?
– Eu não sou uma boa companhia, vá aproveitar a noite.
– Caroline, você sempre será uma boa companhia.
Mesmo que me soasse egoísta, aceitei a companhia. Preciso de um amigo agora, alguém pra desabafar. Até poderia correr para a casa de Alison, mas ela não sabe de quase nada. O resto das pessoas que conheci em NY, ou faziam parte do círculo social de Justin, ou eram garçons bravos, meu porteiro, ou o próprio Justin. Michael era um bom amigo, como um irmão mais velho, que cuida, dá carinho, se importa, um amor.
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Justin:
Estou saindo do prédio, tentando colocar meus pensamentos e sentimentos em ordem, quando me deparo com Michael abraçado em minha Little L.. É só o gato sair por dois minutos que o rato já está pendurando o globo de espelhos para fazer a festa? Não é possível. Será que Caroline não percebe que Michael está se apaixonando por ela? É claro como vodka. Água. Sei lá.
“Michael é um dos meus únicos amigos nessa cidade.” Amigo é o c a r a l h o! Caroline pode até acreditar nessa cara de bobão, que faz tudo que estiver ao seu alcance para fazê-la feliz, como amizade. Agora, EU SEI QUE NÃO É! Será que você está com ciúmes, Justin? Pode até ser, mas não é só isso. Os dois estão saindo, rapidamente, começo a segui-los. Não é que eu seja um desses psicopatas, longe de mim, mas Caroline pode precisar de mim. Caroline está com o braço enlaçado no dele, viraram casalzinho? Agora ficou sério. Aonde esses dois pensam que vão?
Eles seguiram caminhando, pareciam ir em direção ao Central Park, conheço esse truque. O estranho é que Caroline não parecia radiante como sempre, estava cabisbaixa, o que será que tinha acontecido? Quando a deixei em seu apartamento ela parecia tão bem...
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Michael:
Caroline caminhava em silêncio, o que estava acontecendo? Bem que ela disse que não era uma boa companhia.
– Então, por que você veio me ver?
– Na verdade, eu acabei me preocupando porque você não apareceu. E finalmente tomei coragem para te dizer uma coisa.
– Pode dizer.
– Acho que não é o momento mais oportuno para isso. O que está acontecendo com você, Carol? Estou começando a me preocupar, foi Justin, mais uma vez?
– Surpreendentemente, não. Justin não tem nada a ver com isso. Eu só estou cansada, com problemas de família e alguns fantasmas do passado chutando minha porta.
– Falou, falou e não disse nada. Ex-namorados?
– Quem dera. Digamos que eu não tenha a melhor família do mundo.
– Achei que você tinha dito que era apenas você e seu pai.
– E éramos, mas ele não se adaptou muito bem a essa situação. Mesmo tendo DEZESSETE ANOS para se acostumar.
– Ele ainda sente falta de sua mãe?
– Em seu jeito, acho que sim. Ele me irrita tanto. É inacreditável. Se você soubesse...
– Pode me contar. Você sabe que pode confiar em mim.
– Eu sei, mas não gostaria de falar mais. Eu nunca tinha vindo aqui. É muito bonito.
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Caroline:
Eu confio em Michael, o adoro, mas minha história de família é um pouco constrangedora e complicada para entender assim. Acho que ainda não é a hora de compartilhar, mesmo que precisasse desabafar e chorar mais um pouco, seria forte. Não gosto dessa personagem de menininha que corre para o travesseiro quando as coisas dão errado. Michael não merece estar sempre me consolando, aliás, ele parece tão impaciente hoje. Nós dois precisamos de um tempo.
Ao parar de falar, olhei ao meu redor. Meu Deus, como o Central Park é bonito. Todo cercado por grandes árvores e luzes que, ao refletirem nos lagos, se transformam em um cenário de filme, bem mais bonito que nos filmes, aliás. Já estava quase chorando de novo.
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Justin:
Sou patético! Nesse momento, estou escondido atrás de uma árvore, enquanto os dois conversam e Caroline ainda parece triste. Por que eu me importo? Se ela quisesse dividir o que quer que seja comigo, teria me ligado.
– Justin! OMG.
– Shhhh, estou perseguindo uma pessoa.
– Nós podemos ajudar?
– Na verdade, é uma coisa que preciso fazer sozinho.
– Nós te adoramos, Justin. Podemos tirar uma foto com você?
O que acontece com as pessoas do mundo? Por acaso James Bond para sua operação para tirar foto? Mesmo assim, amo meus fãs, não custa nada tirar uma foto. Ou várias, uma com cada um. Demorou mais que o esperado, quando olho na direção de Caroline e Michael, eles não estão mais lá. Merda. Só preciso procurar por uns milhões de quilômetros.
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Michael:
Caroline me encarava.
– Você parece diferente, Mike, o que aconteceu?
– Talvez eu só esteja nervoso.
– Nervoso? Aconteceu alguma coisa?
A peguei pela mão e nos sentamos.
– Eu tenho uma coisa difícil para dizer. Você sabe que eu gosto muito de você?
– Sim, eu também gosto muito de você, você é meu anjo da guarda.
– É exatamente sobre isso que precisamos falar, talvez eu não seja um anjo...
– Por favor, Michael. É um anjo sim. Só de me aturar, com todos os dramas e ainda cozinhar para mim, você já tem seu lugarzinho no céu lapidado por diamantes.
– Carol...
– Não negue, você é o melhor amigo que eu poderia encontrar.
Amigo. Mais uma vez eu era o amigo que estava ali para consolar. Será que era tão difícil para ela enxergar que eu não queria ser amigo?! Que estou apaixonado, droga! Estou tentando dizer há dias, enquanto ela desconversa e me conta mais uma história sobre Justin. Eu não quero saber sobre Justin! Eu quero saber sobre nós. O que nós podemos ser. E poderíamos ser tanta coisa... Eu a faria feliz, de um jeito simples, amaria cada detalhe dessa personalidade complicada e riria de suas neuras. Por que então ela não baixa a guarda e me deixa tentar?
– Por que eu tenho a impressão de que você ficou quieto de repente?
– Porque eu não consigo mais esperar.
– Esperar?
– É. Por coisas que não vão existir.
– Isso tudo é por causa de mulher! Você quer um conselho? Depois desses dias com Justin digamos que eu tenha virado uma perita em relacionamentos...
Não! Eu não quero conselhos, eu só quero te beijar, uma vez. Ela desatava mais uma vez a falar sobre os dois e os relacionamentos passados, achando que poderia me ajudar com isso. E era claro, se não fizesse nada, ela nunca iria saber como eu me sinto. Iria viver achando que eu realmente sou seu melhor amigo, o cara para quem ela vai ligar quando Justin tiver sumido e ela precisar resgatá-lo, ou quando partir mais uma vez o frágil coração dela. Eu não partiria seu coração, Caroline. Me empenharia em cuidar dele como se fosse minha única tarefa.
Você só precisa parar de pensar nele, me deixar entrar um pouquinho nessa sua mente confusa. O resto eu faria. Se pudesse te mostrar que eu sou a pessoa que você precisa e não seu anjo da guarda, tudo seria tão mais fácil. Por que você não é como essas garotas dos livros que se apaixona pelo anjo e depois é feliz para sempre? Em um impulso, a beijei. Era minha única arma e tentativa. Ela parecia chocada, tentando se soltar. A segurei contra mim, me deixe tentar, Caroline, me deixe tentar.
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Justin:
Passei alguns minutos correndo e não os encontrava em lugar nenhum, peguei a bicicleta de uma das fãs emprestada e, enquanto ela gritava que Justin Timberlake estava usando sua bicicleta, a única coisa na qual pensava era onde Michael poderia ter levado MINHA Little L.. Então os avisto em um banco. E talvez ela não seja tão minha.
Michael estava segurando o rosto dela no seu, uma das mãos em sua cintura. Eles estavam se beijando! Caroline estava com uma das mãos no ombro dele, com a outra parecia querer se soltar. Mesmo assim, era um beijo. Dos dois.
Tudo parecia estar dando certo entre nós pela primeira vez, sou um idiota! Estou me apaixonando por ela, larguei meu namoro por ela. Para isso? Sei que nós não temos nenhum compromisso, só que acreditava que ela sentia alguma coisa por mim, que estávamos ligados. Pelo visto não. Imbecil, imbecil, imbecil. Como podia ter me deixado enganar assim tão fácil? E mais uma vez estava sendo traído pela garota que gosto e por um amigo, isso é sina?
Entreguei a bicicleta para a menina e corri para a direção oposta dos dois, não queria mais vê-los, ouvi-los ou encontrá-los tão cedo. Fui até o bar mais próximo, comprei uma garrafa de vinho e voltei para o parque, me alojei em um lugar escuro e lá iria pensar no que fazer comigo e com toda essa situação desastrosa. Perder é uma sensação ruim. Descobrir que nunca teve? Muito pior.
