Caroline:
Justin beijava meu pescoço, parte de sua camisa já estava aberta e eu até deveria me preocupar com o fato de estar em cima da mesa de um restaurante, suja de comida, mas decidi não pensar nisso. O puxei de volta para mim, mas sentia que um cheiro forte estava tomando conta da cozinha. Como se fosse algo queimando...
– Justin, você não está sentindo cheiro de queimado?
– Seja o que for pode esperar.
O empurrei.
– Até mesmo se for um incêndio?
Justin suspirou, mordeu o lábio e sussurrou.
– Até mesmo.
Me beijou mais uma vez, então ouvi uma voz desconhecida. Sobreposta, Trace dizendo que ele mesmo conferiria e, antes que pudesse fazer qualquer coisa, a voz desconhecida, mais perto do que antes, tão perto que poderia jurar que estava falando com a gente, dizia:
– O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?
Nos separamos e, na porta da cozinha, outro senhor oriental nos encarava com cara de perplexo. Olhei para o lado e a cozinha estava um caos. Legumes pelo chão, a parede manchada, meu ex-almoço pegando fogo... FOGO! Meu Deus! Tanto Justin quanto eu corremos em direção à panela. Enquanto ele desligava o fogão, peguei um pouco de água e joguei em cima. Ofegantes, caímos na gargalhada.
– Eu não consigo entender do que os dois estão achando graça!
Um senhor um pouco mais velho que nosso garçom, com cabelos brancos e os braços cruzados nos encarava com a cara mais furiosa que eu já tinha visto. E o fato de termos gargalhado parecia contribuir para essa fúria. Trace ria baixinho e então sussurrou: ‘eu tentei impedir’. O silêncio prevalecia no local e eu não ousaria quebrá-lo.
– Onde é que vocês pensam que estão? Em casa? Somos um restaurante conservador, com valores e o senhor, Timberlake, já devia saber disso, visto a quantidade de vezes que veio até aqui.
– Mr..
– Deixe-me terminar, eu não sei que tipo de restaurantes vocês estão acostumados a ir, mas aqui não é lugar para realizarem suas fantasias sexuais, não importa quanto dinheiro você tenha, Justin. Vocês podiam ter colocado fogo no restaurante da minha família apenas para realizarem um capricho.
Estávamos levando sermão do dono do restaurante, como se fôssemos crianças. Como éramos inconsequentes! Embora tivesse sido divertido e esse senhor estivesse fazendo um pouquinho de drama. Sentia meu rosto corando mais e mais. NOSSAS FANTASIAS SEXUAIS?! Como assim?? Ok, que estávamos em uma cozinha, com alguns ingredientes no corpo, mas não era para tanto. Me escondi discretamente atrás de Justin.
– Sinto muito pelo que aconteceu, nós fomos inconsequentes e devíamos ter ido para algum outro lugar. Mas é que Caroline não consegue se controlar...
EU NÃO CONSIGO ME CONTROLAR? Dei um soco em sua costela. Ele me encarou e sorriu maliciosamente, me puxou para o seu lado. Trace escondia o rosto para rir e o dono do restaurante com cara de assustado para mim, eu não deveria parecer uma fetichista à primeira vista.
– Não encoste em mim.
– Espero que isso nunca mais se repita.
– Não irá. Mais uma vez nos desculpe, eu vou tentar controlá-la. Nós vamos nos comportar, não é, amor?
Acho bom as fãs se prepararem, porque hoje teremos um funeral. Justin parecia sério, como se eu realmente tivesse problemas, fosse uma pervertida e ele passasse por esse tipo de situação o tempo inteiro. Ator desgraçado!
– Agora vou ter que ligar para os outros funcionários voltarem e cuidarem dessa bagunça!
– Eu acho que os dois poderiam limpar, já que foram eles que fizeram essa bagunça.
– Eu não vou obrigar ninguém a limpar meu restaurante, Mr. Ayala.
– Na verdade, não nos importamos.
– A senhora é quem sabe.
O senhor saiu a passos rápidos, Trace caiu na gargalhada, Justin chegou a chorar de rir. E eu não entendia o motivo dos risos. Estava morrendo de vergonha.
– Idiotas!
Decidi começar a tal limpeza. Quanto mais cedo começássemos, mais cedo acabaríamos. Peguei vassouras e entreguei uma para cada um, sem falar nada. Encontrei caixinhas de som em uma prateleira e conectei meu celular nelas, escolhi algumas músicas de 3OH!3 e comecei a varrer.
De repente, Justin me pegou pela cintura.
– Não diga que você ficou brava, Little L.
– Não encoste em mim. E não me dirija a palavra. Eu sou pervertida, posso me descontrolar e te jogar no chão.
– Eu não vou dizer que não adoraria que isso acontecesse, mas nós estamos em um lugar público e você sabe o que acontece quando você se descontrola.
Mostrei meu dedo do meio. Sim, eu realmente estava brava, o dono do restaurante realmente estava bravo comigo. Voltei a limpar, no ritmo da música e tentei esquecer que aqueles dois estavam ali.
Ao virar de lado percebi que os dois estavam me olhando. Os encarei com a minha cara de assassina em série e continuei limpando. Em alguns segundos os dois começaram a limpar também. Até que eu sei ser intimidadora!
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Justin:
Caroline estava furiosa comigo e essas variações de humor eram uma das coisas que eu mais gostava nela. A música estava alta e a cena dela de salto alto limpando a cozinha e dançando ao mesmo tempo era uma coisa que atrapalhava o desenvolvimento da minha parte na tarefa. Eu definitivamente não conseguia fazer mais nada além de olhar. Ela parou, encarou com cara de “vou te assassinar“ e voltou a limpar. Era um aviso e, devido à grande quantidade de objetos cortantes presentes nessa cozinha, comecei a limpar.
Começou outra música, ela dançava loucamente e cantarolava.
“I'm gonna have a House Party in my house
I'm gonna pour booze down my mouth
I might stay up until the A.M.
Yeah, I think tonight I'm just gonna stay in”
Ela estava linda, não resisti e a peguei pelo braço:
– Não encoste em mim. Eu já disse.
– Little L., não fique brava, é só uma dança.
– Eu não estou brava, estou apenas controlando meus instintos. Vai que eu te agarre...
– Eu não me importaria, mas é bom ver que você está se controlando...
– Ha ha.
– Ah Carol, não fique assim. Foi apenas uma brincadeira (de mau gosto (e muito engraçada)), mas foi uma brincadeira.
– Ah Trace, não se meta você também. Não somos mais amiguinhos.
– Cara, ela é sempre assim?
– Tem vezes que é pior. Ela ainda não chutou suas partes intimas, infelizmente, as minhas já.
– Ela é má.
–Eu sei, mas até gosto.
– Com licença, quem sabe vocês falam de mim quando eu não estiver aqui?
– Você está ouvindo algo Trace?
– Nada. Você está, Justin?
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Caroline:
Estava ouvindo uma das minhas músicas favoritas. Justin segurou meu braço e me convidou para dançar. Eu não quero dançar com você, nós não somos mais amigos. “Você está ouvindo algo Trace?” “Nada. Você está, Justin?” Era definitivamente o que me faltava! Os dois fingindo que não estão me ouvindo. Continuei limpando e fingindo que não estava ouvindo.
– Olha só Trace, quem diria que nossa jovem repórter estaria, em seu primeiro dia de trabalho, limpando a cozinha de um restaurante, vestindo um vestido curtinho desses.
– É o preço que alguns têm que pagar pela diversão. Agora só não entendi o que EU estou fazendo aqui, sendo que quando estavam estragando a cozinha nenhum dos dois se lembrou de mim.
– Você sabe, Caroline fica descontrolada perto de mim. Não consegue lembrar de mais nada ao redor.
Chega! Sem saber muito bem como tinha acontecido, em um momento eu estava com o balde em minhas mãos, em outro estava jogando-o em Justin. Quando o vi ensopado, com expressão surpresa, entrei em choque por alguns segundos. Eu tinha jogado á-g-u-a NELE. Passada a tensão inicial, ele sorriu e eu sabia que as coisas não iriam ficar assim.
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Justin:
Começamos a irritar Caroline e sentia que cada vez mais estava dando certo. Ela respirava fundo e tentava se conter para não jogar tudo o que tinha em mim. De repente vejo que Trace olha fixamente para onde ela está. O que será que ele está olhando? Quando me viro, ela me toca um balde de água. Ah, vai ter volta!
Ela estava congelada. Depois deu um sorriso orgulhoso e voltou ao trabalho. Peguei meu balde e saí correndo em sua dirção, ela gritou e metade da água foi jogada nela. O resto? Estava no dono do restaurante que estava chegando para ver o que estamos fazendo.
– Eu não acredito! Vocês realmente não têm nenhum tipo de respeito. Nem comigo, muito menos com meu restaurante. Saiam daqui. AGORA!
– Viu só, Caroline? Eu disse, ela é incontrolável. Me perdoe mais uma vez.
Caroline bufou. Revirou os olhos e saiu caminhando. Ela era explosiva e eu estava adorando essa história de jogar com sua personalidade. Mas agora, o sensato a fazer é ir atrás dela, nunca se sabe o que essa garota pode fazer.
