Caroline:
Tinha acordado antes do despertador. A respiração de Justin batia em meus cabelos, e vê-lo dormindo, tão tranquilo era uma das coisas que não poderiam ser mais perfeitas e que eu poderia ficar assistindo por horas (era ótimo observar cada detalhe dele sem que precisasse morrer de vergonha, ou parecesse uma psicopata). Admirei a ‘paisagem’ por mais alguns minutos e, antes que fosse pega no flagra, levantei cuidadosamente e fui para meu apartamento. O dia ia ser longo e precisava causar uma boa impressão nos meninos e em todo o pessoal da William Rast.
Tomei um banho demorado e fui escolher a roupa. Tinha que ser algo sofisticado e moderno ao mesmo tempo. WR tinha grande influência na moda e provavelmente todos estariam muito bem vestidos. Acabei escolhendo um vestido claro, com várias estampas étnicas pequenas (que de longe parecia renda), uma jaqueta de couro preta, sapatos pretos, uma bolsa vermelha, baguncei os cabelos e saí.
Peguei o elevador sozinha, por milagre. Depois de alguns muitos minutos dentro do táxi, estava na frente do prédio da Willian Rast e só então senti aquela ansiedade típica de começar um novo trabalho, cobrir todo o processo de lançamento da linha era uma tarefa complicada, havia muita responsabilidade e confiança, tanto da revista, quanto da marca para minha cobertura. E se desse errado? Não! Pensamento positivo! Isso é o trabalho dos sonhos para muita gente, inclusive para mim, então chega de frescura, Caroline, entra logo nessa empresa.
Duas secretárias impecavelmente vestidas, sorriram em minha direção.
– Bom dia, eu sou Caroline, es...
– A garota da imprensa, certo?
– Exatamente.
– Vá até o 10º andar, Trace e Justin esperam por você. E, a título de curiosidade, ou fofoca, eles estão ansiosos para conhecê-la.
– Bom saber, muito obrigada.
Então Trace e Justin estariam muito curiosos para conhecer a repórter? Esperando ansiosamente pela cara dos dois quando me virem entrar. Estava sozinha no elevador, então coloquei que parasse em cada andar, só para conhecer um pouquinho do que era essa empresa. A cada andar pessoas pareciam super ocupadas e falavam sem parar, era um ambiente gigante, com decoração moderna e confortável. O número 10 fica vermelho, a porta abre e respiro fundo.
Se eu achei que os outros andares estavam ocupados... Pessoas corriam de um lado para outro, com telefones, anotando coisas em todos os lugares, uma fila enorme de modelos, todas conversando alto, esperavam por alguma coisa. Não via sinal de Trace e Justin, então uma das garotas apontou para um corredor. A sala de Trace era enorme, com grandes janelas, provavelmente para ‘espiar’ o que acontecia ao redor. Os dois estavam jogando videogame, tranquilamente. Dei uma batidinha na porta e entrei.
– Com licença.
Os dois olharam para mim e sorriram.
– O que você está fazendo aqui, Little L.? Foi tanta saudade que teve que correr ao meu encontro?
– Caroline, por favor, porque, a partir deste momento, eu sou a repórter responsável pela cobertura do desfile, sua colega.
Sorri e Justin parecia chocado, seus olhos brilharam e ele sorriu, com as sobrancelhas arqueadas. Trace também sorriu e balançou a cabeça, esperando que talvez esses dias, tumultuados por si só, pudessem ter mais tumulto graças a minha tranquila personalidade. O fato de tê-los surpreendido me deixava mais calma.
– Sendo assim, seja muito bem vinda, a empresa é sua, nós somos seus, alguns mais que outros, mas vamos deixar isso de lado.
– Obrigada, Trace.
– Me falaram SUPER bem de você. A revista realmente está apostando muito nas suas palavras.
– Nem é tudo isso, eles que esperavam pouco.
Trace sorriu.
– Duvido muito.
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Justin:
Quando saí de casa, bati na porta do 805, talvez Caroline ainda estivesse em casa e pudéssemos tomar café juntos, já que ela fugiu antes que eu acordasse. Essa garota está sempre fugindo, Deus.
Ao chegar na WR, Trace já esperava impaciente pela nova garota.
– Aquiete esses seus hormônios, Mr. Ayala.
– Só estou curioso, precisamos ter certeza que a garota é boa escritora, que é capaz de captar tudo o que está acontecendo e você sabe que por aqui muitas coisas acontecem ao mesmo tempo.
– Daqui a pouco ela deve estar por aí, agora volte para o jogo, onde, aliás, estou te dando uma surra.
Continuamos jogando e então ouvimos duas batidinhas na porta. Uma voz conhecida disse “com licença”. Eu devia estar fantasiando, o que Caroline ia estar fazendo aqui? Ela sorriu e ficou segurando a porta.
“O que você está fazendo aqui, Little L.? Foi tanta saudade que teve que correr ao meu encontro?”
– Caroline, por favor, porque, a partir deste momento, eu sou a repórter responsável pela cobertura do desfile, sua colega.
Como assim? Ela só podia estar brincando. Caroline realmente era uma caixinha de surpresas, passamos a noite juntos e ela em nenhum momento me disse que iria trabalhar aqui, então aparece toda arrumada e perfeita, com um sorriso orgulhoso por ter nos surpreendido. Sorrio. Trace ri e balança a cabeça, sabe que esses dias passaram a ser bem mais interessantes do que antes.
Caroline senta-se ao meu lado e Trace vai atender um telefonema.
– Você não acha que devia ter me contado antes?
– E perder essa sua cara de surpresa? Nunca!
– Ah Little L., quer dizer que nós vamos passar uma semana inteira juntos?
– Defina juntos. No mesmo prédio?
– Acho que você entendeu exatamente o que eu quis dizer.
Ela sorriu e Trace voltou.
– Bem Caroline, hoje vamos escolher as modelos do desfile. É um trabalho minucioso e bem menos atraente do que parece. Precisamos encontrar as pessoas certas para representar e defender a coleção.
– Trace está só fazendo cena porque você está aqui, ele AMA escolher modelos, principalmente para tomar um drinque.
– Eu passo dias tentando construir uma imagem decente para a matéria e você com meia dúzia de palavras destrói tudo?
– Estou aqui para falar a verdade e ajudar a nossa repórter no que ela precisar.
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Caroline:
“Estou aqui para falar a verdade e ajudar a nossa repórter no que ela precisar.”
Justin colocava um sentido em tudo que dizia, o que me fazia ficar constrangida de minuto em minuto. Fomos para o 9º andar, onde várias meninas nos esperavam e uma bancada com três pessoas e três cadeiras vagas nos esperava.
– Carol, esses são Louis e Victor, nossos fotógrafos e Jeremy, responsável pela produção.
Os meninos eram lindos! E super simpáticos. Em segundos estávamos conversando como se nos conhecêssemos há dias, a empolgação de todos era visível e eu já me sentia como parte da equipe.
– Essa seleção é feita em duas etapas, primeiro modelos femininas e depois modelos masculinos, porque vocês sabem, homem é tudo igual.
– Não posso discordar mais!
Eu e Jeremy falamos ao mesmo tempo. Nos encaramos e começamos a rir.
– Ok, os meninos podem ser por conta de vocês dois.
Jeremy sorriu para mim e puxou a cadeira que estava ao seu lado.
– Acho que você deveria sentar do meu lado.
– Não posso concordar mais!
Sentei ao lado de Jeremy e de longe via Justin conversando com uma das modelos. Sem deixar que ninguém percebesse e sem saber muito porque, fiquei observando de longe, ela sorria e encostava no ombro dele, estamos de olho, vadia. Então ele olhou em minha direção, desviei o olhar rapidamente, mas podia ver um sorriso em seus lábios por ter me visto cuidando-o de longe.
– Posso sentar, Little L.?
– Do meu lado?
– Onde mais seria?
– Não sei, você tem várias opções.
Justin sentou ao meu lado e chegou perto do meu ouvido.
– Você está com ciúmes? De mim?
– Oi? Desde quando?
– Eu vi, Caroline.
– Sinceramente, Justin, eu não tenho ideia do que você está falando.
– Você pode negar o quanto quiser, mas eu vi e isso é lindo!
– Linda sou eu. Agora vamos trabalhar?
– Exatamente, Caroline, estou gostando cada vez mais de você.
– Continue me deixando escolher os modelos masculinos e nós seremos melhores amigos, Trace.
Justin me encarou, eu sorri e as modelos começaram a entrar, eram perfeitas, magérrimas, altas, OMG. Me sentindo um alienígena no momento. E o mais incrível é que todos falavam sobre as meninas com uma visão tão técnica e profissional, observando, além da beleza, a atitude, postura e milhões de outros quesitos.
Depois de umas duas horas estavam todas escolhidas.
– Ok, agora Caroline e Jeremy escolhem os homens enquanto nós começamos a reunião sobre o desfile.
– Trace, Caroline precisa estar na reunião também, deixe Jeremy sozinho.
Então Justin não queria que eu escolhesse os modelos? Interessante. Todos acreditavam que ele estava sendo super profissional, exceto por Trace que olhou para mim e sorriu.
– Não Justin, eu PRECISO de Caroline aqui comigo.
– Jeremy, Caroline é imprensa, não é paga para escolher modelos.
– Nesse caso, eu não me importo nada de me voluntariar.
Justin me fuzilou com os olhos e, observando o clima, Trace disse:
– Então ficamos todos aqui!
Depois de alguns minutos de briga, decidiram que todos ficariam, Jeremy revirou os olhos e Justin me bateu por baixo da mesa. Não sei quanto tempo ia ficar aguentando essas provocações Ao meu sinal, começaram a entrar meninos dos estilos mais variados. OMG, eu só posso ter morrido e chegado na sala da perfeição. AMO ESSE EMPREGO! Assim como os meninos, fomos super profissionais, analisando o perfil de cada um e quem combinava com o que, embora por dentro eu estivesse desmaiando.
Quando finalmente todos os príncipes encantados já tinham desfilado, ficamos fazendo as últimas anotações nas fotos e selecionando os finalistas. Jeremy me puxou para um canto.
– Meu Deus, você tem o melhor trabalho do mundo!
– Eu sei!! Qual deles foi o seu favorito?
– Nossa, vários. Mas aquele espanhol, nossa!
– Nossa, o meu também.
– O que significa que ele é gay?
– Nãão. Eu já tentei, aliás, se você quiser o número dele...
Será que eu queria? Antes que pudesse responder, Justin me chamou.
– O que foi?
– Pode vir aqui um momento?
– Nossa, Justin não te deixa em paz. Vocês são amigos fora daqui?
– Por aí.
– Se eu sou você e ele me chama com aqueles olhos azuis, queimando, eu não pensava meia vez.
Saí rindo e fui em direção a ele.
– Diga.
– Vamos até a sala de Trace.
– Uh, que tom sério.
Pegamos o elevador juntos e voltamos para a sala em que os dois estavam. Entrei e Trace não estava lá.
Justin fechou a porta e me segurou pela cintura.
– Nós começamos falando sobre você fugir sem se despedir hoje de manhã? (beijou meu ombro) Ou sobre estar pegando números de modelos na minha empresa e na minha frente?
– Pelas suas costas pode?
Justin me virou em sua direção. Estava a poucos centímetros de mim e, obviamente, já começava a me desestabilizar.
– O que você acha?
– Acho que você está muito perto de uma colega profissional que está aqui a trabalho.
– É só isso que você está fazendo aqui?
– Claro.
–Tem certeza?
– Não.
Justin sorriu e segurou meu rosto.
– Te beijar agora seria considerado assédio no trabalho?
– Provavelmente. Ou, para mim, uma chance de ficar rica.
– Estou disposto a perder alguns dólares na tentativa.
Sem falar mais nada, me puxou em sua direção e me beijou. Estava encostada na porta, segurando Justin contra mim.
– Sabe o que eu lembrei? Que não sou a única fazendo contato com as modelos...
– Sério mesmo, Little L.?
–Na verdade?
Justin me encarou. O puxei para mim novamente.
