Caroline:
Michael estava entrando em seu carro e só então percebi que por mais que quisesse não teria como buscar Justin.
– MICHAEL?
Michael praticamente deu um pulo, então sorrindo se virou em minha direção.
– Por Deus, Caroline. Não faça mais isso.
– Sabe o que eu percebi agora? Que não tenho carro para ir buscá-lo...
– Mais um sinal divino dizendo para você não ir...
– Ou para testar quão bom amigo você é.
– Eu não acredito que você quer meu carro para buscar um cara que te deu bolo e ficou bebendo em um bar qualquer.
– Essa sou euzinha, uma caixa de surpresas, mas se é um incômodo tudo bem, eu peço para o Sr. Gabreel chamar um táxi, boa noite.
– Desculpe Carol, eu só acho que você é boa demais para ter que passar por essas coisas, mas claro que pode usar o meu carro.
– Não precisa, sério, só pensei que de carro chegaria mais rápido.
– E vai chegar. Já que você vai mesmo buscá-lo, prefiro que seja em segurança.
– Já cheguei a mencionar que você é meu anjo da guarda?
– Algumas vezes, e, se eu realmente for, Caramba, você não para?
Dei um beijo em sua bochecha, prometi que devolvia o carro assim que buscasse aquele idiota, mas Michael disse que poderia devolver amanhã, para chegar em casa em segurança. Será que existe alguém tão meigo, cuidadoso e prestativo como ele? Preciso URGENTEMENTE apresentá-lo a alguma das minhas amigas.
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Michael:
Ela me deu um beijo na bochecha e saiu, com meu carro, para resgatar Justin. O mundo não parecia um lugar muito justo e, depois de toda a animação, quando partiu, Caroline me deixou em um silêncio vazio. Como eu podia estar me preocupando tanto com uma pessoa que vi DUAS VEZES? O porteiro veio em minha direção.
– Desculpe, Sr. Michael, mas não pude deixar de ouvir sua conversa com a Srta. Caroline, quer que eu chame o táxi agora?
Suspirei.
– Eu lhe entendo, desde que chegou nesse prédio, Srta. Caroline já deu mais problemas do que moradores que vivem aqui há anos. Ela ouve música alta à noite, chega de madrugada fazendo barulho, rouba chave dos apartamentos vizinhos, é seguidamente procurada pela namorada do Sr. Justin que, acredite, não chega de forma sutil... mas é uma ótima garota, mesmo que destrambelhada. Hoje mesmo, quando chegou do trabalho ela me trouxe um pacote de cookies para eu comer de madrugada, enquanto estivesse aqui.
Sorrimos. Caroline era assim, um furacão, virando tudo do avesso enquanto só tentava fazer uma ‘brisa’ para refrescar uma velhinha. E eu gostava dela. Mais do que devia, mas isso não importava.
– Pensando bem, não preciso de táxi, vou esperá-la. O senhor pode me emprestar a chave do 805?
– Eu não devia, mas façamos de conta que fui resolver um problema e o senhor a roubou. Acredite, já caí nessa.
Eu provavelmente não devia esperá-la, mas se era pra ficar em casa pensando em como ela deveria ter chegado, que eu fique aqui. Subi para o oitavo andar, abri uma garrafa de vodka e decidi esperar.
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Caroline:
Tentando deixar minhas preocupações de lado, liguei o rádio. Todas as estações já estavam naquela etapa de músicas solitárias, para pessoas solitárias que ainda estavam acordadas até tão tarde sem nada mais importante para fazer. Não queria ficar sozinha, então segui ouvindo músicas antigas. O radialista anunciou uma canção conhecida e quando a introdução começou, ao invés de cantarolar, silenciei. Acho que alguém se esqueceu de dizer que essa era dedicada para Caroline babaca que insistia em achar esperança no caso mais perdido que poderia encontrar.
Say (All I need) – One Republic
Do you know where your heart is?
(Você sabe onde o seu coração está?) Do you think you can find it?
(Você acha que pode encontrá-lo?) Or did you trade it for something
(Ou você o trocou por alguma coisa) Somewhere better just to have it?
(Ou algum lugar melhor para tê-lo?) Do you know where your love is?
(Você sabe onde seu amor está?) Do you think that you lost it?
(Você acha que o perdeu?) You felt it so strong, but
(Você sentia isso de um jeito tão forte, mas) Nothing's turned out how you wanted
(nada ficou do jeito que você queria) Promete, Caroline. Promete que é a última vez que nós estaremos aqui por Justin. É hora de desistir. Finalmente cheguei e todo o drama de garota adolescente de filme romântico ia ser enterrado aqui dentro e substituído pelo bom e velho mau humor acrescentado de indiferença. Dando uma olhada pela parte de fora do bar, parecia um lugar estranho, meio sujo, escuro. Um grupo de motoqueiros estava na entrada e pensei duas vezes antes de sair do carro, mas respirei fundo, fechei mais o casaco e saí. Um deles estava em meu caminho e, mesmo sabendo disso, não me dava licença.
– Você se importaria de me dar licença?
– Ah gatinha, eu não me importaria de fazer qualquer coisa por você, mas o bar já fechou. Quer beber alguma coisa?
– Não, na verdade a única coisa que eu queria era licença.
– Calma garota, é só uma bebida, por minha conta.
– Quem sabe outro dia? Porque hoje eu não quero. Agora me, POR FAVOR, dá licença?
– Brusca? Eu gosto. Calma, ninguém vai fazer nada que você não queira.
Fui tentar passar e o tal cara segurou meu braço, passando a outra mão em meu cabelo. Eu tenho que ter sido uma filha da puta em vidas passadas, porque não é possível que tudo de errado aconteça comigo.
– Suba na moto.
Eu gargalhei. Ele só podia estar brincando.
– Estou falando sério. SUBA.
– NUNCA. Agora me solta.
– Ah, querida, nunca é tempo demais.
Revirei os olhos.
– Não é nada pessoal, só que no momento não quero sair com você, beber com você, nem nada, só quero passar.
– Você é muito bonitinha.
Mais uma vez ele passou a mão em meu cabelo, eu me debatia só que ele era muito mais forte.
– Você sabe que eu sou mais forte e se debater só torna as coisas mais interessantes...
– SEU DOENTE, ME SOLTA.
– Ei, você é surdo, solte a minha garota!
Uma voz meio embaralhada vinha da porta, pronto, chegou quem faltava! Justin com uma garrafa na mão, se equilibrando em uma parede para não cair, encara o grupo de homens.
– Como assim sua garota? Eu vi primeiro.
– Me solte. Eu realmente sou a garota dele.
Justin sorriu para mim e quis, no mesmo momento em que falei, retirar o que disse. A gente fala cada coisa sob pressão...
– Oh, sinto muito, cara. Não sei como são as coisas lá no seu mundinho de famosos bichinhas, mas por aqui quem deixa uma garota dessas sozinha, perde. E eu encontrei. Agora venha, gata.
Antes que eu pudesse processar qualquer informação Justin o segurou. Então levou um soco que o derrubou no chão, o que considerando o porre, não era muito difícil. Tropeçando, ele levantou e partiu para cima do tal motoqueiro. De início, conseguiu dar uns bons socos, mas estava levando a pior, seu rosto estava sangrando muito.
– Vocês vão deixar os dois brigando?
– Olha gata, a culpa é do seu namoradinho bêbado.
– Foda-se de quem é a culpa.
Justin quebrou uma garrafa na cabeça do motoqueiro que, com mais raiva ainda avançava em sua direção. Não podia deixar mais nada acontecer, então avancei. Um garoto forte, com longos cabelos loiros, me segurou.
– Isso não é lugar pra você. Fique aqui.
– Eu não posso, me solte. Já que vocês não separam eu preciso ajudar!
– Eu até poderia separar, mas tenho um preço.
– Tudo bem, o que for.
Ele olhou para os outros três e ordenou que separassem a briga. Se aproximando, sorriu maliciosamente.
– Você não acha que devia ter perguntado qual era o preço antes de aceitar?
– O que você quer afinal?
Ele se aproximava cada vez mais e eu não precisava de mais nenhuma resposta, ele iria me beijar, só pra provar que podia e que, mesmo com toda a minha marra na chegada, agora precisava dele e ele poderia fazer o que quisesse.
– Separe os dois primeiro.
Ele assentiu.
– Agora é minha vez de cuidar de você.
Sem falar mais nada me agarrou, me beijando de forma forte, suas mãos corriam pelo meu corpo e a única coisa que eu queria era chutá-lo e sair correndo dali para chorar no colo de uma das minhas amigas, mas não podia, trato era trato e eles ainda podiam nos machucar se quisessem.
– Eu tenho que ir, mas quando quiser fazer mais algum acordo, é só me ligar.
Colocou um papel em meu bolso e partiu em sua moto. Os outros foram atrás e, em segundos, éramos apenas eu e Justin, no que parecia ser o lugar mais frio do mundo. Ele me encarava em choque, com olhos perdidos e o rosto sangrando. O ajudei a entrar no carro, tranquei nossas portas e corri. Corri muito, até que estivéssemos longe dali, no meio de uma estrada qualquer.
Do you know what your fate is?
(Você sabe qual é o seu destino?) And are you trying to shake it?
(E você esta tentando mudá-lo?) [...]
Do you think you can find it?
(Você acha que pode achá-lo?) Do you think you can find it?
(Você acha que pode achá-lo?) Do you think you can find it?
(Você acha que pode achá-lo?) Better than you had it
(De um jeito melhor do que antes)
