Justin:
Não sabia muito o que fazer. Em tão pouco tempo tínhamos pulado de um extremo a outro e mesmo que ela ainda estivesse meio chateada comigo, parecia tão vulnerável a mim... e se eu me aproximasse? Fugir ela não poderia, mas e se estrago tudo? Decidi, antes de qualquer outra coisa, perguntar o seu nome. Seus olhos pareciam maiores e brilhantes e, como se me contasse um segredo, sussurrou: ‘Caroline’.
Caroline, Caroline, Caroline. Era um nome bonito, que soava bem em meus ouvidos. Principalmente do jeito que ela pronunciava.
– Um lindo nome. Combina com você. Principalmente o jeito como você o pronuncia, é sexy.
– Menos Justin, bem menos.
E começou a corar. Ela é tão linda!
– Eu tinha várias coisas para fazer... Será que não vamos mais sair daqui?
Ela tentava desconversar, então tirou os sapatos e estralou os pés.
– Se sente melhor agora?
– Um pouco. Estou com fome.
– Você sabe que eu estava falando dos sapatos, certo?
– Sim, mas quis ser mais relativa.
– Por que você está sempre de salto?
– Eu gosto de saltos. E sou baixinha.
– Baixinha? Quanto você mede?
– 1,66m
– Ah não é tão pequena, dá pra alcançar na nossa caixa de correio.
– Claro, senhor, “eu tenho 1,85”, sim eu sei sua altura, deve ser ótimo mexer com quem não é do seu tamanho.
– É aí que você se engana, você é exatamente do meu tamanho.
– Quem sabe você podia parar de colocar um subliminar em cada frase?
– Acredito não ser possível, não é uma coisa que eu controle. Na verdade, você que as inspira.
Caroline riu e me encarou:
– Com certeza. Eu e mais o correspondente aos telespectadores da NBA.
– Claro que não, 99% do público que assiste a NBA são homens.
– Eu falei CORRESPONDENTE. Lerdeza, a gente vê por aqui.
– Desculpe. Aliás, falando em desculpas, você não me deve nada por ter apagado todos os meus mantras?
– Sinceramente? Não, porque a culpa foi inteiramente sua. Fica brigando com as vizinhas recém chegadas, reclamando delas... Nos filmes os vizinhos trazem um bolinho, um chá.
– Se eu soubesse que a vizinha era você, tinha ido com um buquê de rosas.
– Ok, estou sabendo.
Comecei a mexer em sua bolsa, abri seu notebook.
– Privacidade mandou abraços.
– Dizem que se pode saber muita coisa sobre alguém apenas sabendo o que ouve, então só quero ver o que você ouve, além de euzinho, é claro.
– E ouvir vocezinho diz o que sobre mim?
– Que você tem um ótimo gosto.
– Era o que eu pensava. Até os últimos dias.
Era incrível como ela sempre tinha uma resposta prontinha.
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Caroline:
Justin estava fazendo uma vistoria minuciosa em minhas músicas.
– Maroon 5, The Black Keys, Foster the People… Reik?
Justin arqueou as sobrancelhas, que careta mais linda!
– Para minha informação, o que é Reik?
– É uma banda latina muito legal.
– Posso ouvir?
– Você já está invadindo mesmo...
– Sempre me marginalizando. Alguma sugestão?
– Fecha o olho e clica em qualquer uma.
Ele fechou os olhos e nesses poucos segundos pude ficar observando o quão perfeito era. Então seus olhos abriram e ele sorriu. Uma das minhas preferidas começou e ficamos ouvindo. A letra tinha tudo a ver com a situação e, antes que fosse ficar vermelha e constrangida, comecei a cantar para me distrair.
Y una vez fué todo lo que necesité (E uma vez foi tudo o que precisei)
Tocar tu piel me eleva,me enloquece (Tocar sua pele me eleva, me enlouquece)
Ya no quiero más que abrazarte (Já não quero mais do que te abraçar)
Besarte hasta perder la razón (Te beijar até perder a razão)
Tomarte de la mano y darte el corazón (Pegar a sua mão e te dar meu coração)
Y no sé si serás lo que ha soñado (E não sei se será o que você havia sonhado)
Pero no lo puedo evitar (Mas não posso evitar)
Un momento y no puedo dejarte de pensar (Um momento e não posso deixar de pensar em ti)
Justin me olhava com um sorriso brincando nos lábios.
– E então?
– E então?
– O que achou da música?
– Incrível como as músicas podem traduzir uma situação inteira... mas o que mais gostei, disparado, foi te ver cantando e dançando. Valeria qualquer música.
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Justin:
Após meu elogio, Caroline sorriu sem graça e olhou para baixo, era tão bonita sendo tímida. Então começa uma melodia mais atraente, de uma música sobre pessoas refugiadas em seu próprio tempo e lugar... a seleção de músicas ao acaso estava sendo perfeita. Caroline era perfeita.
Não conseguia mais resistir, sem saber direito aonde estava indo, tirei o chapéu que havia dado para ela, mexi em seus cabelos e direcionei seu rosto para o meu. Ela sorriu, hesitante. Sorri. Era o que eu precisava para agir, então a puxei para mais perto. Nos beijamos, dessa vez nada podia atrapalhar. Ela mordiscou meu lábio e me puxou para mais perto. E a sensação de paz que pertencer àquele momento me dava seria difícil de descrever.
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Caroline:
Estávamos em silêncio, ouvindo a música. E de repente ouvir Reik não tinha sido uma boa ideia, já que todas as músicas pareciam encaixar perfeitamente nessa tensão e hesitação na qual nos encontramos. Tocava ‘Invierno’ e toda a história de não importar mais nada porque tinham outro mundo me deixava pensando em mil possibilidades, embora não fosse fazer nenhuma. Justin tira meu chapéu e, mexendo em meu cabelo, me deixa a centímetros de seu rosto. Tê-lo aqui, por mais errado que fosse era o que eu queria. Acabo sorrindo, ele sorri de volta e nós sabemos. Somos apenas nós dois, provavelmente nem deveríamos, mas nada poderia nos parar agora, ele puxou meus lábios e com os olhos mais brilhantes que já vi, sorriu. Acariciei sua nuca e o puxei de volta para mim.
Em segundos eu estava contra a parede do elevador, com Justin com total controle sobre mim, suas mãos me seguravam forte, como, se me soltasse eu pudesse sumir. Estava sendo incrível, aquele lance de te pego, te jogo, te mordo.
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Justin:
Ela sabia exatamente o que fazer pra que eu quisesse continuar ali por mais e mais tempo. Então lembrei do que ela disse sobre “me joga da parede e me chama de lagartixa”, não podia deixar assim.
Continuei beijando-a e segurando-a junto a mim tão perto, como se fôssemos praticamente a mesma pessoa. Ela me puxava para mais perto, com suas mãos em minha nuca e peito. A puxei pelo cabelo e, mordendo seu lábio, sussurrei: “lagartixa”.
Caroline caiu na gargalhada e me bateu.
– Justin!
– Esse sou eu, realizando suas fantasias. Consegui?
– Quase.
Caroline me empurrou para a parede e lentamente veio em minha direção. Ainda ficaríamos ali por muito tempo.
