Caroline:
Ai Deus, o que eu fiz pra estar sendo torturada de tal forma? Será que tudo isso foi pra provar quão bom ser humano eu posso ser? Acredito que não posso ser muito melhor do que isso, aliás.
Depois de contar três vezes até dez, abri a porta. Justin, com a camisa e o colete abertos, me encara, com olhos sorridentes, uma garrafa na mão e seu chapéu. Como ele fica lindo de chapéu!!!! Foco, Caroline, foco!
– Justin, o que você está fazendo aqui?
– Pensei que talvez não tenha passado a imagem certa para você, então resolvi te trazer uma bebida como agradecimento por ter me trazido em casa em segurança quando fui um idiota. (parou por um momento, olhando para minha mão que também segurava uma garrafa) Mas, pelo visto, você já tem passatempo. Michael está aí?
Como Michael poderia ter vindo para a minha casa?
– Michael? Qual é o seu problema? Não sei se quando você bebe fica com amnésia, mas eu te trouxe pra casa há uns cinco minutos.
– Só isso? Pareceu uma eternidade sem você.
O pior de tudo é que ele parecia estar falando a verdade, seus olhos azuis me consumiam, mesmo que de longe e precisei de alguns segundinhos para recuperar a compostura.
– Me poupe. Sem sentimentalismos baratos, por favor.
– Pensei que Michael tivesse vindo pra cá enquanto você me trazia.
– OMFG, você é mais doente do que eu pensava. Quando que você vai entender que eu não sou desse tipo de garota?
– Desculpe, é que é complicado se desapegar do que já estamos acostumados.
Os dois paramos por alguns segundos, ele parecia ser tão sincero e eu realmente não sabia o que dizer, porque, diferente das últimas conversas, dessa vez teríamos que concordar.
– E então, posso entrar? A vizinha do 804 que está espiando pela fresta da porta deve estar adorando a cena de você com uma camisola curtinha rosa, me recebendo em sua porta tão tarde da noite.
Não entendi completamente o que ele havia falado, o porre continuava com poder total e algumas palavras se perdiam. Realmente a vizinha estava olhando e não queria ser alvo nas reuniões de condomínio.
– Ok, entre.
Ele entrou, sentou no meu sofá, tirou os sapatos e abriu a garrafa.
– Não acha que já chega por hoje?
– Nããããão.
– Esse “nãããããão” é mais uma prova de que sim tá na hora de parar.
Tentei tirar a garrafa dele, acabamos caindo eu, ele, a garrafa e a bebida no meu tapete. Nesse momento eu olhei pra ele com a cara de assassina em série mais bem bolada da minha vida e rimos, rimos muito, como dois idiotas, inconsequentes que não sabiam direito como tinham chegado a esse momento.
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Justin:
Depois de ela cuidar de mim, me arrastar até o prédio, a única coisa que quero é ficar perto dela. Chegamos em meu apartamento e ela me empurrou para dentro, fechando a porta. E, pela primeira vez desde que vim ‘morar’ aqui, o lugar parecia solitário e vazio demais. Precisava de alguém. Precisava dela.
Quando bati em sua porta, encontrei uma garota com uma roupa rosa minúscula, tentando conter um sorriso, ao mesmo tempo em que tentava me mandar embora, no fundo sabia que ela queria que eu ficasse. Eu queria ficar. Depois de algum tempo estávamos deitados em seu tapete, com uma garrafa de vinho tinto virada, conversando sobre nós.
– Justin, você sabe que não está bem. Vem cá.
De repente estava me puxando para um cômodo que imaginei como seu quarto. O que ela estava fazendo?
– Pro banho já.
– Banho? Mas aqui nem é minha casa!
– Exatamente, a casa é minha. Eu que mando. Pro banho agora! Como sou muito legal, vou buscar alguma coisa pra você vestir. Já que não tem jeito de te fazer ir embora pelo menos quero conversar com alguém que vai se lembrar do que disse amanhã.
– Sua delicadeza comigo me impressiona.
– É de impressionar visto que você merecia muito menos.
– Mas eu não quero banho.
– Que eu lembre, não era uma questão opcional.
A garota começou a tirar meu colete, minha camisa, meu chapéu e me jogou embaixo do chuveiro. Como ela era sexy! Poucas pessoas ousariam fazer isso, mas se eu tinha que ficar na água gelada por que ela não ficaria? A puxei. Então, estávamos os dois, encharcados debaixo daquele chuveiro. E ela com a expressão de que iria me matar a qualquer momento. A noite não poderia estar melhor.
– Eu vou te matar, Justin. Prometo!
