Caroline:
Eu não sabia como tinha tido cara de tirá-lo pra dançar. Talvez ele estivesse bonito demais com aquela calça preta, camisa branca, colete e chapéu. Ou só a vodka que era forte demais!
Ele me puxa pela mão para a pista e começa a tocar uma música com batida eletrônica, Bounce do Calvin Harris. Justin me pegou pela cintura e nós dançávamos tão perto, mas tão perto que eu conseguia sentir cada respiração, hálito e batimento cardíaco, era como se estivesse grudada no corpo dele.
Parecia que aquela pista era nossa, que ele era meu e que nesse momento preciso mostrar tudo que eu tinha aprendido em música nessa vida, não podia me intimidar porque ele era O dançarino. Ele tentava me conduzir, mesmo assim eu o surpreendia, não consigo nem saber como, mas parecia que tínhamos treinando pra essa noite a vida inteira. Troca a música.
Agora é uma remix de ‘Beauty and a Beat’. Continuamos dançando. Juntos. Era uma sensação tão certa e tão errada que devia não ser permitida.
Ele sussurra em meu ouvido:
– E então?
Sinto um arrepio estranho. É, não devia ser permitida.
– E então?
– Sou bom o suficiente para você?
– É, até que você quebra um galho, considerando a falta de opção, obviamente. (hahaha, que mentira)
– Você está cheia de opções, listaria dez caras que querem te tirar dos meus braços agora.
– Ótimo, tenho tempo de pegar papel e caneta?
– Você precisaria se esforçar mais do que isso, as coisas não são fáceis comigo.
O clima era descontraído, mas eu sentia que era um aviso e em nenhum momento eu imaginava que fosse fácil.
– Tudo que vem fácil não tem tanta graça.
– Não poderia concordar mais com você.
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Justin:
Pela primeira vez nós conseguíamos manter uma conversa normal, sem brigas, ou ameaças de chutes nas partes íntimas e ela era uma garota muito legal, me desafiava, me intrigava, queria saber cada vez mais quem era, o que fazia ali, o que queria. Mas por enquanto iria seguir dançando e conversando besteiras, para ganhá-la aos poucos. ‘Tudo que vem fácil não tem tanta graça’. Sei disso, ela, pelo visto também sabe, o que torna tudo mais interessante e explica, meio que superficialmente, porque ela não cede.
Seu perfume era tão bom, fresco, sutil... Continuávamos dançando e até dançando ela conseguia me surpreender, me encarando, ela sorriu:
– Finalmente o deixei sem palavras...
– Estava aqui pensando que você me surpreendeu, dança muito bem. E até que você não é tão encanada e psicopata.
– Uau! Você realmente sabe elogiar uma pessoa!
– Você sabe o que eu quis dizer...
– Que apenas aparento ser uma encanada psicopata que ainda não sabe dançar! O que me faz pensar em que tipo de cara é você para estar aqui dançando comigo.
Não pude não rir.
– Um cara que gosta de comprovar suas hipóteses.
– Ou, no caso, estar errado.
– Exatamente, quando se trata de você ainda não acertei muitas coisas, mas temos tempo.
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Caroline:
Cada argumento de Justin que eu conseguia derrubar, me sentia mais forte e feliz. Ele não se dava facilmente por vencido, mas era tão divertido ‘brigar’ desse jeito com ele...
‘Quando se trata de você ainda não acertei muitas coisas, mas temos tempo.’
Acabei baixando os olhos, ele riu. Ficava tão lindo rindo.
– Finalmente a deixei sem palavras...
– Não por muito tempo.
A música troca mais uma vez e começou a tocar On The Floor. As luzes piscam sem parar e já estamos dançando perto demais. Fico imaginando a visão das pessoas. Ok, que muitas pessoas estavam se agarrando na pista. Mas nós estávamos dançado. E não nos conhecíamos. E eu não era como aquelas garotas. E... ah! Para de ser chata Caroline! É por uma noite. Mesmo assim estávamos dançando de uma forma “caliente” (nem minha vó falaria caliente, de onde eu tiro essas palavras?). As pernas enlaçadas. Em alguns momentos quase descíamos até o chão, Justin me girava e mais uma vez puxava para perto. Eu sentia o olhar de ódio de todas as outras garotas da festa querendo me matar, por eu estar tão perto dele. E não posso dizer que não gostei disso.
– Mas de verdade, é bom estarmos ficando mais próximos...
O jeito como ele falava próximos me parecia tão cheio de promessas... Próximos fisicamente? Próximos melhores amigos pra sempre?
– Não estou tão certa disso.
– Quem é você? Primeiro briga comigo por música. Me chama de idiota e de repente está aqui, em uma festa particular onde só os Vips tem convite, dançando comigo. Não estamos na hora das apresentações?
– Na verdade, eu preciso ir ao banheiro. Você pode esperar dois minutos?
– Sem problemas, como já disse antes, temos tempo.
E me deu um beijo no pescoço. Em meu ponto fraco. Senti cada terminação do corpo arrepiar. Não faça isso de novo, por favor. Me afastei rapidamente e entrei praticamente correndo naquele banheiro.
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Justin:
Como que ela pode ser tão... tão... Ah! Nem sei como definir essa garota.
Aparece na minha casa, briga comigo, me chuta, se esquiva, não me beija, faz eu me ferrar com a Jess, de repente aparece na festa onde eu jamais imaginava encontrá-la, dá os sorrisos mais lindos que eu já vi, dança comigo, e mesmo hoje, se parar pra pensar, não sei quase nada sobre ela. Nem o nome. O que me dá mais vontade de ir atrás e me aprofundar, no que quer que ela seja ou represente.
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Caroline:
Eu precisava respirar. Pensar um pouquinho. Me olho no espelho. Ainda estou arrumada, só um pouquinho mais vermelha, (isso é o problema de ser branquinha demais), tentava ignorar aquela garota com olhos brilhando, respirando pesada, por estar praticamente sem fôlego.
Como tudo isso era louco. Em um dia ele era meu ídolo, o loirinho que eu ficava pesquisando fotos no Google, em outros é o vizinho mais chato, irritante, convencido e metido que eu já conheci. Tenta me agarrar, como se eu fosse qualquer uma, depois me trata como se eu fosse única e quer me conquistar e me conhecer com todas as suas forças, e então estamos dançando. E eu me deixando levar, já sei de seus sorrisos, do jeito que morde a boca quando vai falar. O cheiro dele está na minha pele. Será que seria errado ficar com ele? E qual dessas personalidades que ele mostrou pra mim nesses dois dias é a dele.
Preciso descobrir.
Ao sair do banheiro eu descubro.
O MAIOR IDIOTAA DE TODO O MUNDO.
Parabéns Caroline, você realmente é muito fácil de ser enganada! Agora já podem desligar a câmera e me entregar o prêmio de idiota do ano.
