CAPÍTULO 24: Teresa fechava a porta daquele prostíbulo com todo tipo de pensamento lhe passando pela cabeça. O que fazer agora? Vale a pena? Policia? O que? O que?! Ela parava perto do carro de Everaldo, olhando para trás se lembrando de suas ultimas palavras para Mariana antes de sair daquela casa. Laura tocava no braço de Teresa que se assustava.
-Dna.Teresa, a senhora está bem? -A senhora não devia voltar mais aqui! Teresa encarava Laura que parecia assustada com algo.
-E porque Laura?
-Esse lugar, essa... -Eu perguntei para algumas pessoas daqui... -Me falaram que aqui é... Ai Céus!
-Eu sei Laura. -Eu sei. Falava Teresa que se enfia dentro do carro encarando Everaldo de uma maneira assustadora.
-O senhor sabia? -Era aqui que o senhor trazia o meu marido? -Era nesta... Era para esta casa que o senhor trazia o Sr.Ricardo quando ele estava em Maceió? Everaldo de boca aberta, não sabia se encarava Laura ou Teresa. Laura apenas fitava Teresa com uma expressão de que uma bomba acabou explodindo dentro daquele carro. Everaldo abaixava a cabeça mantendo as duas mãos no volante permanecendo em silencio. Teresa por sua vez, continuava bombardeando o motorista com suas questões pessoais.
-O Sr.Ricardo está morto Sr.Everaldo. Laura acreditava que aquilo não era o tipo de conversa que devia ser tratada dentro de um carro estacionado no meio da rua.
-Dna.Teresa? Teresa não dava ouvido para Laura e continuava seu interrogatório se alterando cada vez mais.
-Vamos Sr.Everaldo, era aqui que o senhor trazia meu marido? -Neste lixo... Neste lugar imundo?
Laura tentava persuadi-la.
-Dna Teresa? -Teresa!!!
-O que é Laura? -O que você espera que eu faça? -Que eu aceite? -Que eu finja ser uma dama?
-Não, mas acho que a senhora está se esquecendo de que a Mariana esta dentro daquela casa. Teresa encostava a cabeça no encosto do banco traseiro enquanto Laura entrava no carro permanecendo no banco de passageiros ao lado do motorista. Teresa tapava o rosto com as duas mãos abafando o grito que gostaria de dar.
-Me tire daqui! -Me tire daqui! -Me tire daqui! Laura olhava para Everaldo balançando a cabeça positivamente, o homem rapidamente dava partida no carro e levantava poeira pegando a estrada de volta para Maceió. Teresa permanecia em silencio por pelo menos meia hora permanecendo encostada a cabeça no encosto, Laura apenas a observava pelo retrovisor, Everaldo dirigia engolindo secamente a própria saliva. Teresa tenta fingir que esta calma.
-O que o Ricardo lhe falava Sr.Everaldo? -Sobre o que vocês conversavam?
-Discurpa dona madame...
-Meu nome é Teresa. -Dna.Teresa.
-Discurpa Dna.Teresa, sabe cuméquié né...?
-Não Sr.Everaldo, eu sou mulher se lembra? -Mulheres não sabe como é que é. -Somos burras, enganadas, vivemos sendo enganadas... Laura olhava para trás meio receosa com a reação de Teresa.
-Dna.Teresa, o Everaldo... O Sr.Everaldo nem sabia que o Sr.Ricardo era casado. -Muito menos com a senhora. -E-Ele... Ele me disse que...
-Para Laura! -Pode parar! -Eu sei o que você esta tentando fazer. -Eu sei que você não tem culpa de nada disto Everaldo. -Eu só... -Céus!
-Eu intendu sim Dna.Teresa... Minha muié saiu di casa pur conta dissu! -A sinhora tem razão, os homi não dá valor pras muié qui tem. Everaldo parava o carro na frente do hotel, Laura saia rapidamente auxiliando Teresa a descer antes que alguém do hotel o fizesse. Teresa subia a escadaria rapidamente, como se buscasse se esconder dentro de sua caverna de luxo. Laura permanecia parada perto da Brasília.
-Não precisa ter medo Sr.Everaldo. -A Dna.Teresa é uma ótima pessoa e como o senhor mesmo viu, ela é uma mulher muito refinada...
-Re... O que?!
-Ela é rica Sr.Everaldo e generosa com as pessoas que ajudam ela. -E não precisa fingir que não entendeu.
-Sei.
-Amanhã, pode vir no mesmo horário. -A Dna. Madame já vai saber o que fazer. Saia Laura com uma convicção inabalável entrando no hotel. Ao entrar no quarto, Teresa estava sentada no sofá pensativa, mas por incrível que pareça e para a surpresa de Laura, ela não estava chorando. Laura ia direto para a cozinha e tão logo trazia uma medicação e um copo de água dando a Teresa.
-É só uma aspirina Dna.Teresa. -Para dor de cabeça. Teresa pegava e tomava o comprimido com um gole de água.
-Obrigada Laura! -...! -O que eu faço? -O que fazemos quando descobrimos tanta imundice debaixo do nosso nariz? Laura pegava o copo das mãos de Teresa com cautela e se agachava em silencio diante de Teresa.
-Sinceramente Dna.Teresa? -O Dr.Ricardo está morto e a senhora está viva, a Mariana está viva. -Quem está precisando mais da preocupação da senhora? -Uma pessoa que não está mais entre nós ou aquela menina desamparada? Teresa tapava o rosto com as mãos, Laura se levantava com um sorriso malicioso no rosto, como se lhe satisfizesse ter conseguido atingir o ponto fraco daquela mulher perante ela.
-Seja qual for à decisão da senhora, saiba que irá afetar diretamente a vida daquele pingo de gente. Laura saia com um largo sorriso na cara e então Teresa se pronunciava.
-Laura? -Você ouviu a minha conversa com o Cezar não é? Laura encarava Teresa meio apavorada, visivelmente nervosa ela sabe que mentir não lhe trará nenhuma vantagem. Aquilo nem de longe era uma pergunta, era uma afirmação a qual Teresa buscava uma confirmação.
-Não tudo... -A senhora quer adotar a Mariana não é? Teresa, recompondo a postura refinada que naturalmente lhe cai bem.
-Talvez! Laura deixava o copo sobre uma mesinha e se sentava numa poltrona ao lado encarando Teresa.
-Enquanto a senhora estava lá dentro... Daquela... Daquele lugar, eu perguntei para algumas mulheres ali perto, elas me falaram coisas horríveis...
-Eu sei, eu estive lá dentro, eu vi! -Foi nojento ver a maneira que aquela mulher trata as netas.
-Netas? Afundava-se Laura na poltrona com a descoberta.
-Mariana tem uma irmã gêmea. -Marina! -Hnf! -Acredita que a irmã até tentou se passar pela Mariana. -Que clichê! Laura novamente conseguiu tirar um sorriso defasado de Teresa que pegava o copo de água e o bebia por inteiro.
-Duas crianças sendo usadas por aquela mulher para ganhar dinheiro! -Imagine como eu fiquei, assistindo aquela situação sem poder fazer nada! -Com ela me jogando na cara que minhas atitudes não resolveriam nada. -Foi revoltante! Laura então dava um passo maior do que devia e coloca a mão na perna de Teresa, encarando sua patroa nos olhos.
-Vou ser franca com a senhora Dna.Teresa! -A senhora me perguntou o que eu faria se tivesse tanto dinheiro como à senhora tem. -...! Teresa olhava para o silencio de Laura esperando a confirmação de suas vontades, como se buscasse uma aprovação de qualquer pessoa para o que ela já estava decidida a fazer.
-O que você faria no meu lugar Laura?
-Com o dinheiro que a senhora tem? -Com esse carinho toda por aquela menina? -Tudo! -Tudo que estivesse ao meu alcance pra ficar com aquela menina. -Eu faria tudo! -Faria de tudo pra ficar com a Mariana!
