Capítulo 23: Assim que Teresa entra no "escritório" de Amélia a primeira coisa a se reparar é um horroroso lustre decadente sobre uma cama redonda... Espalhado pelo quarto, haviam inúmeros Espelhos de tamanhos e formatos diferentes... Um escritório digno para uma cafetina! Amélia sentava atrás de uma mesa, de pura madeira desgastada, como uma senhora de negócios. Negócios lucrativamente humanos. Dona de um Bordel, um lar de prostitutas!
-Teresa não é mesmu? -Muito das boas aquela maleta de roupas... -Deve ter gastado uma dinheirança naquilo cum a minina! -Entonci, o que quer?
Teresa permanecia de pé, ainda incrédula com o que tinha acabado de ver. Ela olhava para trás com uma vontade de voltar e tirar Mariana daquele lugar nojento. Mas sabia que não seria tão fácil, então ela decide ser o mais direta possível.
-Eu quero adotar Mariana.
-Ocê deve ser uma destas turistas qui vem di longe e se comove cás situação e cás pobreza daqui né? -A sinhora é rica puracaso?
Teresa tenta não se desvirtuar do assunto.
-Esta não é uma... Mariana não precisa viver desta maneira nesta casa! Amélia cruza as pernas e se aconchega na cadeira de balanço, indo pra frente e pra trás enquanto olha para Teresa a fim de aproveitar melhor a situação.
-A puta da mãe dela morreu e me deixo pra cuida dela... -Cê sabe como cumida é cara... Tudo é muito du caro por estas bandas madame Teresa. -Estas mininas tem que me pagar de algum jeito né?
Amélia falava com muita ironia, como se perder uma filha fosse algo natural e fácil. Ouvir aquilo embrulhava o estomago de Teresa que tentava demonstrar não estar abalada.
-A policia sabe deste lugar? -Sabe que a senhora usa crianças... -Usa crianças... Amélia tragava satisfatoriamente seu cigarro e então o apagava em um cinzeiro já lotado de cinzas, se divertindo com o pudor de Teresa.
-Sabe! Sabe! -Policia adora minininhas novinhas. Teresa tinha uma vontade imensa de estrangular aquela mulher, mas permanecia de mãos atadas e então como tudo na vida de Teresa, tudo o que ela conquistou e perdeu na sua vida foi usando o dinheiro para lhe proporcionar um pouco de satisfação, mas ainda tentava se apegar a justiça deixando o dinheiro como ultimo recurso.
-Se eu denunciar este lugar, a Mariana...
-É, a putinha vai pra um orfanatu, um abrigo... Estas merdas qualquer ai, e a madame nunca mais vai vê ela. -Ta pensanu em adotar a pestinha? -Sabe dona, eu posso ser daqui do norte, mas a gente num é burro não. -Tem fila pra adotar estas coisas órfãs num é? -Inté chega a veiz da senhora, ixi, essa fiadaputa ai vai tá bem longe. -Acha mermo qui adianta denuncia eu?
Teresa treme diante daquela conversa, revoltada ela se vê que chegou a um ponto além do ódio e então percebe que jogar o jogo daquela mulher era a única alternativa para ter Mariana.
-Quanto? Amélia ri sarcasticamente lambendo os lábios.
-Cinquenta Mil Dólares!
-Céus! -...!!! -Mas eu vou levar ela agora!
Amélia se levanta furiosa da mesa com um olhar de pura crueldade.
-Oxe! Acha qui so burra? -A putinha fica aqui até eu vê o chero do dinhero! -E é mio ir logo, porque eu to negociando ela com outra pessoa já. Teresa respira fundo, balançando a cabeça positivamente, saindo daquele escritório, ela vê a porta do banheiro aberta, o homem que estava lá saia abotoando e subindo o zíper da calça, Teresa se controlava para não chorar. Passando quase que terminando o corredor, outra porta estava aberta... Era a da cozinha. Teresa via os cabelos ondulados de Mariana e entrava de supetão na cozinha com o intuito de abraçar a menina e dizer que logo ela sairia daquele inferno. A menina olhava para Teresa de uma maneira diferente, parecia mais determinada e conformada, apesar da pouca idade, já Teresa corria e a abraçava.
-Não se preocupe meu anjo, eu vou te tirar deste lugar! -Eu te prometo Mariana! A Menina sorria e abraçava Teresa também. Logo Amélia entrava na cozinha e olhava aquela cena patética enquanto se escorava na porta, tragando sua cigarrilha e então interrompia a cena comovente.
-Vai lá pra cima Marina, tem cliente esperando! Marina??? Perguntava para sí mesma Teresa! Confusa, Teresa olha para a menina de maneira estranha e olha para Amélia, atrás da velha, Teresa vê outra menina idêntica... Só que esta, veste um dos vestidos comprados por Teresa. Amélia esclarece a duvida...
-Ocê não aprende né minina, sempre se passandu pela idiota da sua irmã!
Marina vira os olhos na direção de Teresa com um sorriso e um olhar assustador, saindo de perto dela e saindo da cozinha empurrando Mariana para poder passar. Amélia empurra Mariana para dentro da cozinha com uma das mãos, a menina quase tropeça antes de ser amparada por Teresa. Amélia brincava com as duas.
-Elas são gêmeas, a putinha aqui não te contou? -Minha filha deixo duas vagabundinhas pra eu alimentar. -E parece que to pronta pra receber a recompensa divina!