Hospital das Clinicas: Cabisbaixo, Vínicius sentado, ora em silencio a Deus pedindo pela recuperação de sua irmã Clarice e de seu filho. Mas de repente vem a sua mente uma imagem pouco corriqueira, a de Marcos, o motorista de Dna.Teresa, acenando para Vinicius e indo embora. Ele abre os olhos meio confuso, chateado e irritado por estar tanto tempo ali parado sem ter certeza de que suas orações vão chegar mesmo ao seu destino. Uma fé abalada por conta dos últimos acontecimentos. De repente uma mão repousa em seu ombro, ele olha e estranhamente se trata de Flavia, a recepcionista mal humorada da Emergência...
-Você está bem meu jovem? -Conseguiu encontrar sua irmã? Vinicius balança a cabeça positivamente enquanto se fechava em sua timidez, Flavia se senta ao lado dele observando o movimento pelo corredor.
-Sua mãe é evangélica não é? Novamente Vinicius balança positivamente a cabeça com a nítida vontade de sair de perto daquela mulher. Sentindo-se nervoso e tenso.
-Eu vi você orando! -As vezes achamos que Deus não está olhando pra nós, que ele deixa coisas terríveis acontecer só pra testar nossa fé. -Você acha que isto esta acontecendo com você não é? Vinicius a encara um pouco mais tranquilo, ela falava com ele como se fossem velhos amigos. Outra vez ele balança a cabeça positivamente, sem expressar qualquer palavra. Os dois ficam em silencio por algum tempo e Vinicius finalmente decide quebrar o gelo daquela conversa. Mesmo gaguejando um pouco, ele abre seu coração sem saber se é exatamente isto que deveria fazer. Seu olhos se enchia de lágrimas quando as palavras saltavam de sua boca.
-Minha Irmã foi espancada pelo marido dela... -Ele fez isso com ela grávida! -Eu queria ir na policia e contar tudo, mas minha irmã quase morreu... -Eu sai gritando na rua pra alguém socorrer ela... -Eu pensei que ela ia morrer! -... -Eu pedia tanto pra Deus não levar minha irmã! -Eu não queria ver minha mãe sofrer de novo! -Eu não queria...!!! Vinicius deixa o choro vir... Flavia passa a mão sobre o ombro do garoto o abraçando e acariciando seu ombro.
-Viu, é claro que Deus ouviu seu clamor, sua irmã esta bem não está? -E o filho dela nasceu não é? Ele novamente somente balança a cabeça enxugando as lágrimas com a blusa de tricô.
-Deus não está nas grandes coisas, ele está nas pequenas coisas, nos pequenos atos de nossas vidas. -Ele não quer o nosso sofrimento, ele quer nossas escolhas, somente nossas melhores escolhas. -Ele não deu uma vida pra cada um de nós para desperdiçarmos ela com atos tão mesquinhos. -Você decidiu salvar sua irmã e o filho dela, que escolha melhor do que esta?
Neste momento Ana se aproxima e vê o filho chorando ao lado da atendente. Meio receosa, Ana se aproxima e tanto Vinicius quanto Flavia percebem os olhos vermelhos de Ana.
-Filho, esta tudo bem? Flavia se levanta e Vinícius balança a cabeça positivamente, ela sai dando um sorriso de lábios cerrados para Ana que volta sua atenção para o filho.
-O que essa mulher queria?
-A gente só tava conversando mãe.
-Você quer ver sua sobrinha? Vinicius olha pra sua mãe com um certo olhar de renovação...
-Eu posso?
-A enfermeira disse que sim... Pelo vidro, mas você pode. Vamos?! Ele se levanta e ambos seguem por um corredor até chegarem a uma grande janela de vidro, do outro lado havia varias incubadoras, a grande maioria já estava ocupada com bebes recém nascidos. Ana aponta o dedo para uma das incubadoras.
-Ali, olha ela ali! -Olha que pequenininha! Por mais que Vinicius procurasse, ele não encontrava nenhum bebe diferente um do outro para conseguir distinguir quem era quem, exceto por alguns bebes moreninhos e outros de olhinhos mais puxadinhos, mas todos pareciam tão iguais.
-É menina?! Exclamava Vinicius com uma certa alegria de ver tantas vidas novas que acabaram de chegar ao mundo. Ana tentava não demonstrar que tinha sido nitidamente contrariada por Clarice demonstrando uma alegria imparcial.
-Eu queria que fosse Vitória, mas sua irmã decidiu que vai ser Viviane. -Mas ela é tão linda! Vinicius olhava para sua mãe e percebia o quanto ela estava realmente feliz. Fazia muito tempo que ele não a via tão feliz.
-E a Clara?
-Ela tá bem!
Ana falava com um certo alivio, enquanto não desgrudava os olhos de sua neta já tão amada. Vinicius por outro lado, ainda mantinha um certo rancor de uma certa pessoa
-E o Gustavomãe? Ana passava a mão nas costas de Vinicius sem qualquer existência de ódio em seu olhar, ele por outro lado não tinha o mesmo sangue frio. -Deus sabe o que faz Vinicius, mas acho que este casamento não é mais da vontade de Deus como eu pensava! Vinicius olha para todos aqueles bebes e uma grande euforia toma conta de seu coração, toda a tristeza e amargura parece deixa-lo repentinamente com o sorriso, o choro e a fragilidade daquelas crianças.
-É, Deus está nas pequenas coisas mesmo mãe! Ana olha feliz para seu filho e por um momento na vida, mãe e filho deixam sua emoções translucidas um para o outro.
-Você também já foi uma destas pequenas coisas feitas por Deus, meu filho. -E ainda é.
Sabemos que felicidade são pequenos vislumbres em nossas vidas, Wagner. E este é um destes momentos na vida da Ana... Seu futuro como mãe é moldar o carater de seus dois filhos. Será que ela irá conseguir?
kkkkkkkkkkkk... É verdade Victor, quando a esmola é demais o santo desconfia! Mas por hora vamos deixar Ana&Família curtir está Felicidade até chegar o ano de 1995!