Cézar entra no quarto de Teresa, Laura está agachada e ao vê-lo, ela sente um aperto no coração. Fisicamente Cézar é o homem que qualquer mulher pediu a Deus, mas emocionalmente ele parece não se apegar as mulheres que passam
em sua vida.
-Bom dia Dr.Cézar -A Dna.Teresa está...
Imediatamente Teresa a corta, ela não tem tempo pra cordialidades neste momento.
-Laura, faz um grande favor pra mim? -Vê com a Soraya se o pessoal da floricultura já chegou, estou preocupada com esta demora deles. -Claro Dna.Teresa. -Com licença.
Laura passa ao lado de Cézar inalando aquele perfume e o cheiro daquele homem que a deixa sufocada, ele a olha de maneira cordial. Assim que Laura deixa o quarto, Cézar tenta argumentar a demora de ter vindo quando Teresa solicitou sua presença já alguns dias.
-Teresa me perdoa, mas eu tenho que ser sincero, o Ricardo de fato era um gênio praconseguir dominar aquela quantidade absurda de números.
Porem Teresa não quer perder tempo com explicações e argumentações desnecessárias tirando da Pasta a Passagem de Avião e erguendo-a.
-Você sabe o que é isso.
Não era uma pergunta, era uma completa afirmação. De alguma maneira Teresa estava veementemente acusando Cézar de alguma coisa, por outro lado ele não parecia demonstrar nenhuma culpa por algum crime cometido.
-A passagem de avião pra Maceió em nome do Ricardo. -O que está havendo Teresa?
Cézar mantinha uma calma irrefutável enquanto Teresa se controlava para não se exaltar.
-Até onde sei Cézar, nós não temos investidores ou investimentos ou qualquer coisa no Nordeste! -Por que o Ricardo viajaria pra lá? Cézar coloca as mãos nos bolsos da calça social mantendo sua calma.
-Eu sou um dos advogados das empresas e advogado da família. -Desculpa Teresa, mas eu não era confidente do Ricardo. -Talvez ele pretendia fechar algum negocio, investir por aquelas bandas e contar só depois que concluísse o negocio. -O que eu sei é que ele me pediu pra comprar esta passagem antes de vocês viajarem pro Rio.
Teresa parecia não aceitar aquela explicação e sua expressão continua persuadida por duvidas, desconfianças e insegurança.
-Não faz sentido, o Ricardo nunca me esconderia uma coisa destas, ainda mais envolvendo as empresas da minha família!
Cézar abre os botões do paletó e se senta em uma poltrona próxima da cama de Teresa.
-Desculpa Teresa, mas você mesma decidiu se afastar de todas as negociações e assuntos burocráticos envolvendo a Kagi e a Couvenant deixando o Ricardo a frente de tudo. É sensato ele não querer ter te importunado com esses assuntos durante todos estes anos. -Por que só agora?
Teresa faz uma longa pausa refletindo o que Cézar acabou de lhe dizer. Logo ela coloca uma mão na testa.
-Céus! -Eu to parecendo aquelas viúva neuróticas!
Cézar aponta o dedo para a pasta e com uma feição séria e a indaga.
-Você viu o restante dos documentos?
Teresa pega a pasta retirando os demais documentos.
-Não! -Fiquei sem cabeça depois que vi esta passagem.
Cézar começa a listar o que havia dentro da pasta.
-Dentro da pasta tem um papel com todo o itinerário da viagem. -Parece que ele não ia ficar em Maceió, mas numa cidade mais afastada.
Teresa busca o papel e quando o encontra faz uma cara de espanto.
-Que diabos de lugar é este? -Você já ouviu falar deste lugar?
Cézar balança a cabeça negativamente.
-Taquarana?! -O que o Ricardo perdeu lá?
Ele dá de ombros e continua descrevendo cada um dos documentos.
-Também tem um Recibo e um tipo de contrato de locação em nome da Kagi enviado via fax.
Teresa volta a procurar entre os papeis.
-Contrato! Contrato! ... Aqui, achei! -Everaldo Nascimento de Jesus, motorista, pegar as 19:30hr no Aeroporto Internacional de Maceió. -Contratante, Kagi Empreendimentos.ltda... Representante, Ricardo Chivera...
Teresa larga todos os papeis sobre a cama e segura a passagem, encarando-a como se naquelas letras e números tivessem a resposta para suas duvidas. Ela abaixa a cabeça colocando uma das mãos na testa cobrindo os olhos enquanto estende a passagem na direção de Cézar balançando-a, ele a pega mas expressa uma pequena duvida .
-O que eu vou fazer com esta passagem Teresa?
-Simples, troque-a. -Transfere ela para o meu nome, ela ainda não venceu. -Se o Ricardo tinha algum negocio nesse lugar... Eu como acionista majoritária vou verificar pessoalmente do que se trata e se o negocio for bom, fechamos um acordo.
Cézar folheia a passagem e encara Teresa que agora o fita com um olhar
perverso. Ele estende a passagem de volta para Teresa que se nega a pela de volta. Cézar esbraveja, indignado com o desejo de Teresa.
-Nem pensar! -Eu não queria te falar no funeral, mas do jeito que você esta, viajar sozinha esta completamente fora de cogitação. -Não vou permitir Teresa...!
Teresa fica chocada em ouvir aquelas palavras. Sua liberdade de ir e vir estava sendo absurdamente contestada e negada por
aquele homem como se ela fosse uma criança. Irredutível, Teresa coloca toda
sua imponência a prova.
-Eu não estou te pedindo permissão Cézar. -Estou lhe informando que irei viajar no lugar de meu marido. -Reorganize os horários, datas para depois da missa de Sétimo dia e passe tudo para o meu nome.
Cézar se encosta na poltrona, tocando as mãos com as pontas dos dedos,
enquanto pensa um pouco sobre como resolver dois assuntos ao mesmo tempo.
O típico ditado popular: “Matar dois coelhos com uma cajadada só!”
-Esta certo! -Se você quer mesmo ir, vai com uma condição. -Eu não posso ir com você, algumas reuniões, inclusive votações, irão acontecer nos próximos dias, mas você viajar sozinha, nem de brincadeira Teresa.
Rapidamente a psicologia de Cézar parece funcionar perfeitamente.
-Tudo bem, eu posso levar a Laura comigo. -Eu ia dispensa-la essa semana, mas não vejo problemas dela ficar mais alguns dias comigo, isso se ela aceitar é claro.
Cézar então se levanta fechando os botões do paletó.
-Ótimo! -Será feita sua vontade. -Vou remanejar tudo e comprar uma passagem para a Srta.Laura.
Ele pega todos os papéis e os devolve para dentro da pasta, antes de sair ele
frisa algo.
-Você não era assim Dna.Teresa!
Teresa dá um sorriso que derreteria até o mais duro dos corações.
-Eu era sim, Dr.Cézar -Apenas tinha deixado de praticar.
Quando Cézar sai do quarto de Teresa, Laura o aguardava encostada na parede. Ela coloca as mãos para trás o encarando como se o desejasse ali agora
mordendo os lábios. Mas é ele quem fala olhando atentamente ao redor para ver se algum
bisbilhoteiro não os ouça ou os veja.
-Prontinho sua danadinha, consegui mais uma ou duas semanas pra você. -Deseja mais alguma coisa?
Laura vira os olhos sorrindo e brincando com a boca enquanto passa as mãos pelo pescoço de Cézar.
-Não Dr.Cézar, por hora estou satisfeita.
Laura aproxima seus lábios rosados dos de Cézar e o beija profundamente, de longe, do outro lado da Sala Soraya observa aquela cena ficando com uma feição um tanto estarrecida se mostrando indignada digna de pena, sem Soraya perceber lágrimas brotam de seus olhos enfurecidos e incrédulos. Enquanto Laura entra no quarto de Teresa, Cézar se vira e encontra seus olhos com os de Soraya, ela paralisada em pé enxuga as lágrimas com as mãos num gesto de fúria que a domina sem ela querer. Cézar acena para ela com a cabeça enquanto Soraya vira o rosto e cabisbaixa enxuga as lágrimas insistentes, seu coração parece um imenso balão inflado prestes a explodir, uma dor que não cabe em seu peito. Uma mão toca no ombro de Soraya, é Ilda, pra avisar que a Floricultura acabará de chegar, ao voltar os olhos para onde Cézar estava, Soraya deixa seus olhos se perderem no vazio, o homem de seus sonhos já havia partido.
Muita sujeira está prestes a ser tirada de debaixo do tapete! O que será que Ricardo estava decidido a fazer em Taquarana? Como a explosiva Soraya vai lidar com seus sentimentos ao ter visto Laura e Cézar aos beijos? E ainda, o sofrimento de Ana! Tudo isso regado a muita feijoada, ou não!