Diante de um imenso espelho, Teresa vê sua tristeza olhando de volta pra ela. Seu quarto é simples, mas de muito bom gosto, encarando o espelho ela enxerga uma mulher de Trinta e Dois anos de idade, cabelos perolados Chanel com uma maquiagem exuberante mas uma tristeza profunda mergulhada em seus olhos marejados, ela segura um lindo vestido florido de bebê... Uma única lágrima verte dos olhos de Teresa mas que logo é interrompida na metade da face quando ouve seu nome...
-Teresa!!!
A Voz é masculina, encantadoramente masculina... Teresa guarda delicadamente o vestido infantil florido dentro de uma gaveta mas não sem antes de dar um cheiro seguido de um profundo beijo naquela peça que lhe traz tanta dor e ao mesmo tempo lhe trouxe tanta alegria por algum tempo, pouco tempo...
-Teresa, meu amor!
Ele, um homem de meia idade, por volta de seus quarenta anos de idade que aparenta ser bem mais jovem, apenas os cabelos grisalhos refletem sua real idade,um homem muito atraente atrás de uma alvíssima camisa branca social, barba rala, um sorriso cativante e olhos de mel penetrantes... Com a mão na gravata, cinza listrada, ele surge no meio do quarto do casal com seu jeito casual que ela tanto ama...
-Pode me ajudar com a gravata, meu bem?
Ela se virá indo até seu marido com um sorriso que encantaria até os mais tediosos ranzinzas, Teresa segura à gravata mas não o encara, falando com ele docilmente...
-Ricardo!... Faz vinte anos que estamos casados, faz vinte anos que te ensinei a dar nó nestas tuas velhas gravatas...
Ele a interrompe e segura os pulsos dela beijando suas mãos...
-É porque eu adoro sentir suas delicadas mãos passeando suavemente pelo meu pescoço... -Acho que eu ainda não disse hoje que Eu Te Amo!
Como de costume, Teresa termina o nó na gravata e finaliza com um chamego na nuca do marido, ela agora o encara de forma apaixonada.
-Esta é a terceira vez que você me diz que me Ama hoje, faltam doze.
Eles riem e se beijam como dois jovenzinhos apaixonados.
...
Ano de 1990, a mansão de veraneio em Búzios reflete o status social de Ricardo e Teresa. Um Diplomata preto os aguarda diante do hall de entrada, dois empregados trajando uniformes discretíssimos terminam de alocar a bagagem no porta-malas do carro. Ricardo surge na porta, o motorista, um homem de quase 40 anos de idade se esforça para pegar a pasta das mãos do patrão antes que ele a jogue no banco de qualquer jeito... O bom humor do patrão parece que hoje se estendeu além do café da manhã!
-Bom dia Beth! Bom dia Rafael! Obrigado a vocês dois por tudo!
Beth se parece muito com aquelas velhas quituteiras de mão cheia, ela exala um rosto sofrido para uma pessoa tão jovem e magra, com seu jeito trivial de cozinheira sempre limpando as mãos no avental antes de cumprimentar uma pessoa... Teresa logo aparece na varanda, delicada e notavelmente com um rosto abatido, ela se esforça para sorrir enquanto deposita uma mão na face de sua cozinheira preferida.
-Dê um beijo no Leozinho por mim Beth... Tem um presentinho pra ele em cima da minha cama... Acho que ele vai gostar!
-Obrigada dona Teresa, mas não precisava...
-Rum! Você sabe como eu adoro paparicar aquele mocinho. -É uma pena ele não ter vindo desta vez, ele sempre consegue alegrar está casa.
-São os estudos dona Teresa, são os estudos.
Já dentro do carro, Ricardo busca nos bolsos como se estivesse se esquecendo de algo...
-Bom dia Estevão! -Como estão as estradas?
Estevão ajeita o retrovisor e logo liga o rádio em um volume sucinto onde emana música clássica...
-Bom dia Dr.Ricardo! -Acho que não vamos pegar nenhum transito esta manha.
-Ótimo! -Teresa meu amor!
Mostrando o relógio para ela como forma de apressa-la. Ela por sua vez tenta demonstrar não se importar com o atraso do marido.
-Bem, até logo então! -Façam como de costume, eu volto ainda este mês para o Aniversario do Léo... -Faço questão que seja aqui Beth.
-Obrigada Dna.Teresa... Mas...
-Sem “mas” Beth.
-Ai Dna.Teresa, só a senhora mesmo viu!
Teresa desce alguns poucos degraus mas logo coloca dois dedos na temporã balançando a cabeça de modo negativo e meio que apressada volta alguns instantes para o jovem ao lado de Beth, um moço muito bem afeiçoado, corpulento e olhos verdes... Seria um ótimo modelo se quisesse, mas aqui está ele, servindo aos Chiveras.
-Ah, Rafael! A quantia que você precisa está em cima da escrivaninha do escritório num envelope branco. -Espero que dê certo, torço muito para que consiga fechar o negocio...
-Obrigado Dna.Teresa, a gente sonho muito com nossa casa própria.
-É claro. Mande um beijo pra sua noiva.
-Pode deixar.
Após as despedidas, Teresa e Ricardo partem de Búzios rumo a São Paulo naquele belíssimo diplomata preto dirigido por Estevão. Porém, dentro do carro, reina um silencio sepulcral absoluto que Ricardo não tardo em quebrar sem hesitação.
-A Beth ficou muito contente com a festa que você está organizando para o filho dela...
-É... O Léo adora aquela casa. Acho que ele vai gostar de poder dividir um cantinho que ele tanto gosta com seus amiguinhos.
-Mas e você, acha mesmo que consegue fazer isto?
-Ora Ricardo... [A voz dela embarga]... Eu perdi um filho... -Vir pra Búzios sempre me ajuda a por a cabeça no lugar e relaxar. -Eu estou bem.
-Jura?
-Juro!
Não era verdade, Teresa tenta não encarar seu próprio olhar refletido na janela, ela não suportaria ficar se olhando novamente, não naquele momento e então um novo silencio se instaura, mas desta vez é Teresa quem quebra o silencio repousando uma das mãos sobre as do marido... Ela busca uma sementinha de coragem pra poder pedir algo ao homem de sua vida.
-Me perdoa?
Ricardo se assusta com a pergunta que transparece com culpa mas que certamente tem mais sentimentos envolvidos naquela questão do que se possa dizer com uma palavra como “perdão”, com os lábios cerrados ele sorri acariciando as mãos de sua esposa e enfim lançando seu lindo sorriso de volta para ela.
-Você é a mulher da minha vida... De toda a minha vida. Eu te amo, muito! -Se alguém aqui precisa pedir perdão, é o Estevão!
Agora é Estevão que se assusta com a tentativa do patrão de aliviar a tensão e o clima pesado dentro do carro.
-Eu, Dr.Ricardo?!!!
-Você sim. Por pisar tanto neste freio e esquecer que existe um acelerador.
Os três riem, mas logo o silencio impera no interior do veiculo mais uma vez, até que Teresa respira fundo e se alivia falando o que tanto pesa em seu coração.
-Eu não vou poder lhe dar filhos Ricardo... Nunca! -Eu não sou capaz de lhe dar o que você mais deseja, a chance de ser chamado de pai.
As lágrimas vem espontaneamente rolando pela face de Teresa insistentemente. Ricardo a abraça com força por alguns instantes dando um beijo em sua testa lançando novamente seu sorriso carismático para ela.
-Eu tenho...
A frase não pôde ser completada... Não há mais tempo para o amor! Teresa é separada do marido por uma violenta batida... Ela ouve Estevão gritar algo, mas todo seu corpo está focado em procurar Ricardo... Ela o procura com todos os seus sentidos, mas não encontra seu porto seguro. Tudo o que ela vê é estilhaços, barulhos ensurdecedores e fogo... Pela janela ela vê o mundo girar mais rápido que de costume até então ela sentir seu corpo em queda livre e o choque violento do carro batendo na água, mergulhando ela numa escuridão abarrotada de aflições e quando estamos mergulhados nela, não existe tempo para medi-la, mas ao menos há paz em toda esta escuridão onde Teresa se esconde por um longo tempo.
...
Uma tênue chuva lava seu rosto ferido... Ela abre os olhos com dificuldade, com muita força de vontade. Há muitos carros parados, sirenes ligadas e muitas vozes ao mesmo tempo falando com ela e de todas as coisas ao mesmo tempo, seu corpo insiste em não se mexer...
-Consegue me ouvir? Balance a cabeça se puder.
-Está perdendo muito sangue!
-Estanque a hemorragia.
-Quantos anos?
-Alguém sabe quem ela é?
Teresa tenta isolar todas as vozes desnecessárias procurando somente uma.
Um turbilhão de emoções e dores isoladas possui limites para um corpo alquebrado e quando Teresa os alcança, seu corpo não suporta e devolve-a para a escuridão abarrotada de aflições. Então Teresa Chivera finalmente desmaia outra vez ao ver dois corpos, em invólucros pretos sendo arrastados ao seu lado!
Aandel parabéns pela estréia, capitulo bem escrito, completo, profissional. Daqui a pouco estaremos intimos com os personagens, texto que introsa! Gostaria que desse uma olhada na minha web Filho Amado e diga o que achou, seja sincero No mais, está tudo ótimo, pelo visto teremos uma grande web. Quero ler a sequência do acidente!
Parabéns Aandel estréia magnífica com certeza já chamou minha atenção para o próximo capítulo.... Pela visto a Teresa vai sofrer muito com a morte do marido!
Aandel Prata
Idade : 41 Cidade : Barueri
Assunto: Re: Espelhos || Capítulo 1 19.08.14 0:01
Oua Wagner, digamos que Teresa vai sofrer sim e não pela morte de seu amado!
Mas é esperar para ver! Obrigado pelo coments!
Vivi Pacheco Premium
Idade : 26 Cidade : Barreiras
Assunto: Re: Espelhos || Capítulo 1 19.08.14 7:43
A trama começou bem, já vi que a Teresa irá enfrentar grandes coisas em seu caminho, só no primeiro capítulo já perdeu o marido, sem contar que na tinha perdido o filho.... Parabéns Aandel, ótima estréia!!!!