Caroline
:
Eu não acreditava no que via. Como isso era possível? Nem nos meus sonhos poderia imaginar que as coisas aconteceriam assim! Justin Timberlake era o vizinho irritante que eu estava tentando convencer sobre como JT era legal? Devo admitir que talvez, nos meus sonhos, Justin era mais legal e não um psicopata dos mantras.
Enquanto eu pensava em tudo isso, eu quase podia ver minha cara de idiota analisando-o inteiro. Ele era mais alto do que eu esperava, com braços fortes, e os olhos de um azul claro daqueles que parecem te sugar, tirando qualquer possibilidade de pensar claramente. OMG, eram os olhos mais lindos que eu já tinha visto.
Só então percebi que ainda não havia respondido, em um ato de desespero comecei a caçar palavras e juntá-las (ou tentar) em uma frase.
– Ahm... Ehr... Justin?
Ótimo! Parabéns, Caroline. Como se comportar como idiota em apenas um passo. Passar vergonha na frente de Justin Timberlake era a última coisa que me faltava. Foco, nesse momento ele é o vizinho IRRITANTE e não o seu ídolo gracinha. Respirei fundo e retomei a postura com a qual tinha entrado naquele lugar.
– Oi, eu sou a vizinha do 805 (ele parecia surpreso, quem ele achava que eu era? Uma fã psicopata que invade casas? Ta, em dias normais até pode ser que eu seja, mas nesse momento não. Ele continuava me analisando e isso não ajudava muito na minha desenvoltura, mas...), a que você provocou com esses mantras irritantes mostrando que a estadia nesse prédio provavelmente não será nada agradável.
– É você a vizinha?
– Não, Papai Noel. Feliz Natal!
– Educação mandou lembranças...
– Educação? Ah, essa acabou no momento em que os mantras entraram.
– Então foi você que colocou essas músicas aqui?
Nesse momento eu abri um largo sorriso, orgulhosa de mim mesma. Não é todo dia que se consegue surpreender Justin Timberlake.
______________________________________________________________________
Justin:
A garota que tinha invadido meu apartamento e me encarava com grandes olhos verdes era a vizinha do lado? Essa garota só podia ser louca de invadir uma casa e ir trocando as músicas dos outros, mas tinha alguma coisa nela que não me fazia querer chamar a segurança e expulsá-la. Nós até poderíamos socializar, ela era bem gata.
– Então foi você que colocou essas músicas aqui?
Ela abriu um sorriso largo do tipo “tenho dentes perfeitos” (tenho que admitir que ela é muito gata, psicótica talvez, mas gata. Nós poderíamos ser ‘bons vizinhos’)
– É, fui eu sim! (e sorriu de novo) Por quê?
Acabei ficando curioso, como ela tinha entrado em minha casa e como podia ter mudado tanto da garota que estava em choque segundos atrás?
– Porque acredito que as regras mundiais da boa vizinhança dizem que não se deve entrar na casa dos outros assim, invadindo. Como conseguiu?
– É como dizem, tudo é uma simples questão de contatos! E o que o contrato mundial da boa vizinhança diz de ficar se metendo nas músicas dos outros e ficar tentando abafar o que eles estão ouvindo com essas idiotices? Eu nem estava ouvindo tão alto!
– Eu praticamente sou seu vizinho de porta. Eu ouço quase tudo que está acontecendo na sua casa. (ela me interrompeu com "– Se mude") E às vezes tenho que dar um tempo de mim. Ouça outra coisa.
– Ah claro! Se Mr. Timberlake está com crise existencial o mundo tem que parar. Há mais alguma coisa que possa fazer pelo senhor?
A tal vizinha, se abaixou, em reverência, como os serviçais faziam antigamente. Quem ela pensava que era para me desafiar assim e falar o que quisesse? Vamos dar um jeito nisso! Antes que pudesse perceber, ou me conter avancei em sua direção, ela se afastava, até que estava encostada na parede, comigo a poucos centímetros do seu rosto. Sentia sua respiração irregular e os olhos perdidos, sem saber como agir.
______________________________________________________________________
Caroline:
Justin me enchia de perguntas sobre o porquê de eu estar ali e, para sua (e minha) surpresa eu o estava desafiando, intimidando. Momento palmas pra mim. Ele me mandou ouvir outra coisa. Que metido!!! Quem ele pensa que é para querer mandar até no que as pessoas ouvem? Alguém o está acostumando muito mal.
Pergunto com uma dose extra de ironia “Claro! O que mais posso fazer pelo senhor?” e de repente acho que não foi a melhor pergunta a fazer. Ele começou a se aproximar de mim. A cada passo para frente que ele dava, automaticamente eu dava um pra trás. Só que chegou um momento em que eu já estava encurralada contra a parede e ele a centímetros de mim. Eu conseguia sentir seu hálito fresco, o corpo ainda molhado. Os olhos azuis tão lindos... era uma das coisas mais sexies que já tinham me acontecido e em outra situação estaria pendurada em seu pescoço nesse momento.
Mas quem ele pensava que era pra me tratar como qualquer uma? Simplesmente detesto ser tratada assim e não vou ser mais uma fã que morre de amores por ele e que ele pode ter quando quiser, não mesmo. Recuperando os sentidos o chutei em seu ponto estratégico masculino (é, lá mesmo) e saí correndo.
– Ei, volte aqui garota!
______________________________________________________________________
Justin:
ELA ME CHUTOU?!!!! Quando eu achava que não iria resistir a mim e se jogaria em meus braços ela me chuta? Qual o problema com essa garota? Se ela gosta tanto das músicas e armou o maior barraco com um vizinho por causa de mim, por qual razão/motivo/circunstância ela me chutou e saiu correndo?
Ela é louca. Só pode ser.
Mas agora se ela pensa que as coisas vão ficar assim, sinto muito. Vai ter volta, vizinha do 805. Ah! Se vai.
Agora é questão de honra!