LoveStoned || parte 39

 

Justin:

           

            Ao mesmo tempo em que comemorávamos por nossa reunião começar apenas no final da tarde e podermos descansar um pouquinho, Caroline me empurrava para o banheiro, pois ‘DE JEITO NENHUM NÓS VAMOS DORMIR NA MINHA CAMINHA COM ESSA SUJEIRA DE BARRO!!’

           

            Entramos no chuveiro juntos e enquanto beijo seus lábios ela vai cuidadosamente limpando meus cabelos.

 

– Mexendo em meus cabelos sem arrancá-los? Quem é você e onde está Caroline?

 

– Talvez eu ainda esteja bêbada, ou levemente tocada por você ter cantado Yellow para mim. De verdade, foi uma das coisas mais bonitas que já me fizeram.

 

– E mesmo assim parece que não é nem o mínimo do que eu poderia fazer.

 

Caroline acariciou meu rosto e sorriu. Seus olhos me entregavam uma série de coisas que ela não conseguiria dizer e eu sabia que por mais simples que aquele momento pudesse parecer, era sério, e a provável confirmação de tudo aquilo que eu duvidava sobre nós.

 

– Se dê um pouquinho mais de crédito. E você sabe o quão difícil é conseguir me fazer baixar a guarda. Aproveite.

 

A trouxe mais para perto, enquanto queria ler tudo que seus olhos diziam ela repousava sua testa na minha.

 

– Tirando todo o tom de romantismo  desse momento, você poderia me ajudar a tirar toda a terra que jogou no meu cabelo?

 

– Pode tirando essa cara de vítima, mocinha, que foi você quem começou...

 

– EU? Que eu lembre foi VOCÊ que...

 

Antes que ela pudesse continuar a beijei e então a virei de costas para mim.

 

– Não pense que essa censura não foi percebida, querido.

 

Continuei desembaraçando seus cabelos, o mais delicado que conseguia ser. Quando acabamos, Caroline nos enrolou na mesma toalha e saiu em direção a cozinha.

 

– Nós não íamos dormir?

 

– Justin, minha casa, minhas regras, só preciso de um sanduíche rápido e nós podemos ir.

 

Eu tentava ir para um caminho diferente do dela, então éramos um puxando a toalha para cada lado.

 

– E QUEM DISSE QUE VOCÊ ESTÁ NO COMANDO?

 

– QUERIDO, EU SEMPRE ESTOU!!!

 

Eu arrastava-a em direção ao quarto, ela me mordia e tentava me puxar para a cozinha. Até que congelou.

 

– ALISON?

 

Olhei para o sofá e uma garota com cabelos louros e um vestido florido nos encarava, tentando conter um sorriso, ao mesmo tempo em que parecia constrangida pela situação.

 

– Desculpe Carol, só vim aqui para ver como você estava e confirmar uma fofoquinha que estava passando pela redação, mas já estou de saída.

 

– Imagine, agora você já viu o pior. Nos dê licença para nos trocarmos e já voltamos.

 

Ao fecharmos a porta do quarto Caroline se jogou na cama.

 

– Caramba, que vergonha!!! O que eu vou dizer para Alison?

 

– Little L., eu pouparia minhas palavras, com as imagens que ela teve já é capaz de formar suas próprias imagens.

 

– Ótimo! Agora sim que minha imagem na revista vai ficar maravilhosa!

 

– Essa não é a garota que me ligou aquela noite em uma festa?

 

– Você lembra?

 

– Eu lembro de tudo que tem a ver com você. E sim, eu sei que isso foi lindo. Então, aproveite as últimas oportunidades que eu estou te dando para vestir alguma coisa e sair desse quarto, caso contrário Alison vai ter que esperar muito para poder ter a sua agradabilíssima companhia.

 

Quando percebeu que durante toda nossa conversa estava nua, ela corou e colocou um vestido. Como se fosse a primeira vez que eu a via assim...

 

– Sim, eu sei que sou ridícula, até mais.

 

A segurei pelo braço antes que saísse.

 

– Você é linda!

 

Caroline desviou o olhar, como sempre faz quando está com vergonha e foi para a sala. Eu não podia sair, visto que não tinha roupas, mas de repente precisava ir ao banheiro urgentemente como todas as coisas que a gente sabe que não pode fazer, mas P R E C I S A. Quando finalmente abri a porta do quarto as duas conversavam tranquilamente, Caroline me lançou o olhar ‘O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO FORA DO QUARTO DE TOALHA?’

 

– Eu tenho um banheiro no quarto!!!

 

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Caroline:

 

            Ao sair do quarto encontrei Alison me encarando com olhar divertido.

 

– Não é nada do que você está pensando...

 

– Caroline, por Deus, eu já estava pensando isso desde o dia em que Justin foi lhe buscar naquela festa...

 

– Você viu?

 

– É claro, só não fiz escândalo para que ninguém descobrisse, agora, o que está rolando entre vocês?

 

– Se eu disser que nem eu sei você acredita?

 

– Andrew anda muito preocupado que você sumiu e não nos dá sequer um telefonema, ao mesmo tempo os boatos de que uma jornalista foi o pivô da separação de Justin e Jessica percorre os corredores... Estou tentando te defender, mas está um pouco difícil, mas PELO VISTO É VOCÊ SIM SUA SAFADA. Embora eu não me surpreenda.

 

– Shhh... Justin pode ouvir. Eu não tenho conseguido manter contato com ninguém, os horários na WR são fora do normal, daqui a duas horas nós temos reunião, as reuniões duram dias inteiros, ou vão madrugada a dentro...

 

– Ou você está ocupada com um Justin de toalha... Como você não está tendo um troço?

 

– Isso é uma pergunta que nem eu sei responder, muito auto-controle e algumas doses de vodka.

 

Falando em Justin... A porta se abre de repente E ELE AINDA ESTÁ DE TOALHA É ISSO MESMO EUA?!!! Ele sorri como se se desculpasse e correu até o banheiro.

 

– Com todo respeito, Caroline, socorro.

 

Alison me encarava com cara de quem queria saber mais.

 

– E como ele é?

 

– Ah, Justin é uma pessoa incrível, ele me eletriza e não consigo me desvencilhar de toda essa loucura e bagunça que ele é.

 

– Não é bem disso que eu estou falando... Quero saber como ele é em outros sentidos...

 

– OMG, mas você não perde tempo, certo?! Ele é incrível.

 

Os olhos de Alison queimavam de curiosidade, o trinque do banheiro se abria e ela levantava e colocava a bolsa no ombro.

 

– Você não quer comer alguma coisa? Nós vamos fazer sanduíches...

 

– Não, eu já estou de saída.

 

– Você já vai, Alison?

 

Alison teve uma mini parada cardíaca por Justin lembrar o nome dela. Depois corou. Respirou fundo e sorriu.

 

– Eu realmente preciso ir, ainda tenho que terminar uma matéria. Caroline, não esqueça de ligar para Andrew.

 

Ao fechar a porta, encurralei Justin na parede.

 

– Você por acaso não tem roupas?

 

Ele elevou uma de minhas pernas até encaixar em sua cintura, beijou meu ombro e então sussurrou.

 

– E não sei por que tenho a impressão de que alguém está com ciúmes...

 

– Quer dizer que eu posso chegar na frente do pessoal da WR praticamente sem roupa?

 

– E já não é isso que você faz?

 

ORDINÁRIO!!!!!! Tentei me separar dele, mas ele inverteu a posição e agora quem estava presa contra a parede era eu. 

 

– Não faça essa cara de ofendida, Little L..

 

– Não estou fazendo cara de naaaada, só est...

 

Mais uma vez Justin me calava com beijos, enquanto puxava meu cabelo, ia me levando para a bancada da cozinha. Então alguém batia na porta.

 

– Michael...

 

– Desculpe aparecer sem avisar, Justin, pelo visto você está ocupado... Trace me pediu para avisar que a reunião vai ser daqui a uma hora.

 

E ele tinha que vir pessoalmente!?!?!?!! Nós ainda não somos amigos. Deixei que Justin o atendesse e fui fazer nossos sanduíches.

 

– Você nem quis falar com ele?

 

– Nós não temos o que falar.

 

Comemos nossos sanduíches e depois disso fui me vestir. Como Justin tinha dito que minhas roupas eram curtas, decidi que era hora de seguir brincando, principalmente porque não sabia para onde iríamos essa noite. Escolhi um short de cintura alta preto, todo bordado com pedrarias, um cropped preto e, para manter o look de trabalho, outro blazer comprido com botas pretas.

 

Ao sair do quarto, Justin me esperava com uma camisa preta com pequenas estampas brancas e um terno milimetricamente impecável, com o blazer aberto e o colete fechado.

 

– E depois quando eu falo das peças curtas...

 

Sorri orgulhosa enquanto ele me analisava e oferecia sua mão. Chegamos na WR dentro do tempo. É óbvio que minha cabeça doía por não ter dormido e pelas ressacas que não tinham nem tempo de curar, mas não podia reclamar de nada disso. Ao sairmos do elevador, soltei sua mão, já que estávamos no trabalho. Ele, por sua vez, a pegou de volta e segurou forte. O que isso significava? Que estávamos mostrando para todo mundo que estávamos juntos? Mas e nós estamos? Meu cérebro gritava que era precipitado demais, mas será que não estava na hora de se jogar e deixar as coisas acontecerem? Segui segurado sua mão enquanto cada um dos olhares que nos lançavam me queimava.

Justin:

 

Virei a cadeira de costas para a porta, pela janela via o sol abandonar a cidade e as pessoas corriam sem parar sem se quer se dar conta da beleza de tudo isso, meu cérebro estava vazio, confortável, como se tudo estivesse nos seus devidos lugares. Então alguém acariciava meu cabelo.

 

– Você até que foi rápida, Little L..

 

– Então é esse o nome dela?

 

Me virei e Michele me encarava com seu sorriso escancarado.

 

– Dela?

 

– A sua nova presa, a repórter novata. Por favor, Justin,eu já estive tempo suficiente nessa empresa para acompanhar seus términos de namoro com Jess, e nós dois sabemos que ela não passa de mais uma na sua lista.

 

– SAIA!

 

Michele sentou na mesa de Trace.

 

– Você está selvagem! Isso é tão sexy.

 

– Michele, eu estou com Caroline agora, por favor, saia!

 

Continuava olhando para a janela, tentando me concentrar nas pessoas que corriam ao invés de gritar e expulsar Michele da sala. Além de nossa funcionária, ela estar se metendo assim também é culpa minha que dei um centímetro de espaço nas outras vezes que me separei de Jess.

 

– E o que faz com que essa vez seja diferente da semana passada, hein? Aliás, você me liga no meio da madrugada, me faz dispensar meu encontro e não aparece? Mas não se preocupe, eu posso fazer essa semana tudo que tinha prometido na anterior. Até melhor.

 

Caramba! Tinha esquecido completamente que tinha chamado-a, mas foi naquela noite confusa em que persegui Caroline e a encontrei beijando Michael. Olha, realmente começo a acreditar que tenho uma tendência a ser imbecil, onde eu estava com a cabeça? Mas chega! Ao me virar para expulsar Michele enxerguei Caroline, ela parecia em choque, então quando seus olhos encontraram os meus, ela limpou uma lágrima e saiu correndo.

 

Pode chamar a banda para tocar os parabéns ao imbecil aqui. Michele ainda estava em meu caminho, respirei para tentar não descontar tudo nela, visto que o ÚNICO CULPADO E IDIOTA aqui era eu.

 

– Michele, eu vou tentar dizer isso de um jeito sutil, visto que o culpado por tudo isso sou eu. E que grande Poxa de idiota que eu sou! Eu e você não vai mais acontecer. Nunca. Eu amo Caroline e, seja com ou sem ela, não vai acontecer. Se dê valor e siga adiante.

 

Eu A– M– O? Será que era isso mesmo? Precisava correr atrás dela.

 

Caroline:

 

“A sua nova presa, a repórter novata. Por favor, Justin, eu já estive tempo suficiente nessa empresa para acompanhar seus términos de namoro com Jess, e nós dois sabemos que ela não passa de mais uma na sua lista.”

 

Oi? Eu perdi alguma coisa? Senti meu rosto queimar de raiva, MAIS UMA???  Esteve tempo suficiente para acompanhar os términos? ENTÃO MEUS INSTINTOS EM RELAÇÃO AOS DOIS ESTAVAM CERTOS??? Sabia que era feio ficar ouvindo atrás da porta, mas quem no meu lugar faria diferente? Justin educadamente pedia para que ela saísse, elevando algumas vezes o tom de voz.

 

“E o que faz com que essa vez seja diferente da semana passada, hein? Aliás, você me liga no meio da madrugada, me faz dispensar meu encontro e não aparece? Mas não se preocupe, eu posso fazer essa semana tudo que tinha prometido na anterior. Até melhor.”

 

SE – MA – NA – PASSADAAAAAAAAAAAA? AH ENTÃO QUER DIZER QUE ELE LIGOU PARA ELA SEMANA PASSADA PARA MARCAR ENCONTRO NA MADRUGADA?!! ORDINÁRIO? EU SOU UMA BURRA U–M–A  B–U–R–RA!! Meus olhos queimavam, enquanto eu tentava manter o controle e ouvir o resto da conversa. Justin ficou em silêncio por uns dois segundos. ENTÃO ERA VERDADE? COMO EU PUDE SER TÃO ESTÚPIDA??? ISSO, IDIOTA, BAIXE A GUARDA, ADORE ESSE SENTIMENTO DE NUNCA SE SENTIR SATISFEITA COM ELE, QUE ELE NÃO ESTÁ SATISFEITO COM VOCÊ, OU COM MICHELE!!! Não sabia se chorava por ele ser um idiota ou por raiva de mim por ter me deixado ser feita de imbecil dessa forma.

 

Justin se virou e seus olhos pareciam em chamas, respirava pesado, tentando manter algum tipo de controle. Quando me viu, parecia apavorado. Ao vê-lo, não consegui me conter e antes que perdesse o controle, saí correndo. As últimas semanas passavam correndo e misturadas pela minha cabeça, nosso festival de música, nossa dança no topo da árvore, o estúdio e sua canção olhando em meus olhos, ELE CANTANDO YELLOW! Como podia ser tão frio e calculista? E o que pretendia fazer depois que eu já tivesse entregado tudo que tivesse? Então alguém esbarra em mim.

 

– Carol, você está bem?

 

– Trace, desculpe, eu não estava prestando muita atenção ao caminho.

 

– O que aconteceu?

 

– Nada.

 

– E agora você chora por nada? Eu sei que não sou tão íntimo assim, mas caso você queira conversar, ou reclamar de tpm eu estou aqui.

 

– Obrigada, mas não é....

 

“TRACE?”

 

– Por Deus Chuck, você não precisa gritar.

 

Um homem de saltos altos se aproximava.

 

            “Por que um rostinho tão bonito desses está chorando? Você é uma das modelos? Está chorando de fome? Eu sei que esse mundo é muito competitivo, mas nós estamos com você.”

 

– Caroline, esse é Chuck, nosso decorador. Caroline, uma jornalista que está cobrindo todo o evento.

 

– Oh, querida, desculpe. Então vamos começar a reunião?

 

– Eu preciso de cinco minutos para falar com Caroline...

 

– Você sabe quanto custa cada minuto do meu tempo, Mr. Ayala.

 

– Sim, e aliás está custando bem caro.

 

Respirei fundo e limpei minhas lágrimas, tinha que ser forte, ninguém na empresa além de mim era culpado por minha idiotice.

 

– Trace, eu estou ótima, vamos trabalhar.

 

– Essa é das minhas!

 

– Mas Car...

 

– Sem mas, o desfile não vai se montar sozinho.

Enquanto tentava dar o sorriso mais convincente que podia, nos dirigíamos para a sala de reunião. Eu estava em pedaços, mas isso ninguém precisava saber.