Leandro, na hora do almoço, – como tinha se tornado costume desde o sábado passado -, ligou para o celular de Jéssica.
- Bom dia, flor do dia! – disse ele em tom jovial.
- Bom dia, meu anjo! Como está? Saudades de você!
- Melhor agora, minha princesa! Eu também estou morrendo de saudades! Então, vamos nos encontrar no próximo final de semana?
- Quanta ansiedade! Riu-se. Eu mandei um recado na sua rede social pela manhã, você não viu?
- Não, eu ainda não pude me conectar. Mas a resposta é boa ou ruim?
- É ótima. Poderemos nos ver sem qualquer impedimento.
- Eba! – exultou.
- Gostou tanto assim da notícia? – perguntou ela, maliciosa.
- Lógico! Um encontro com uma gata dessas não é para qualquer um! Você sabe o quanto eu gostei de você!
- Sei sim, meu anjo. Também estou ansiosa. Beijar você, te abraçar, ficar ao seu lado... Tudo de bom! Agora, infelizmente, tenho que desligar porque está acabando o meu horário de almoço.
- Digo o mesmo para você, estou louquinho para fazer tudo isso! – riu-se. Não quero mais te atrapalhar. Beijos amor, bom trabalho e boa tarde!
- Obrigada, para você também! Beijão!
Exultante, desligou o telefone sem nem se preocupar com o que ela lhe disse - “Eu mandei um recado na sua rede social” – que, consequentemente, poderia ser lido pela pessoa errada. Por mais incrível que pudesse parecer, Leandro não se importava mais com Nathália. Pelo contrário: desde que Jéssica apareceu em sua vida, só tinha olhos para ela .
Começou a rememorar como se conheceram e como tudo aconteceu:
Era noite de sexta-feira. Leandro informou ao pai que sairia mais cedo do trabalho, às 16h, e não às 19h, como de costume, pois nesse horário começaria a festa de aniversário da irmã de seu melhor amigo e ele precisava sair para comprar um presente antes de se arrumar e seguir para o evento. Comprou o presente, arrumou-se com apuro, e às 19h pegou a estrada.
O aniversário ocorreu em uma super balada no bairro da Penha, que reuniu todos os amigos do irmão e da irmã. Leandro chegou a 1 hora do início da festa e os anfitriões estavam muito ocupados com a recepção dos convidados e o acerto dos últimos detalhes. Cumprimentou Marcelo e abraçou Letícia, desejando-lhe felicidades. Depositou o presente na caixa de presentes e entrou, de forma a deixar os dois à vontade com suas tarefas. Conhecia poucas pessoas, mas fez novas amizades, dançou e bebeu normalmente.
Durante a madrugada, enquanto a festa fazia o maior sucesso, a roda de amigo de Leandro se sentou em uma das mesas juntamente com Marcelo e Letícia, que precisavam de um pouco de descanso após tanta bagunça.
- Está curtindo a festa, meu amigo? – perguntou Marcelo a Leandro.
- A festa está maravilhosa, vocês estão de parabéns. Belo gosto, a Letícia tem. Não há do que reclamar, o ambiente aqui no Splash Bar é dos melhores! Ainda mais com esses shows ao vivo de vários estilos musicais. Estou adorando tudo!
- Ficamos contentes. Ela está fazendo 21 anos e você sabe, não é? Quis algo diferente para este ano. Estou bem satisfeito também. Por que está sozinho, meu amigo? E a namorada?
- Ainda não estou namorando. Conhecendo pessoas, apenas isso.
- Como não está namorando? Você é tão boa pinta, faz tanto sucesso com as mulheres!
- Qual nada! Deixe de ser exagerado, homem! Riu-se, batendo no braço do amigo.
- Claro que é. Quer uma prova sobre o que estou te dizendo?
- Prova? – interessou-se. - Qual prova?
- Diga você a ele, Letícia.
- Leandro, está vendo aquela moça de vestido verde musgo, que está dançando com aquelas duas, próximo à mesa de coquetéis?
- Aquela morena clara de cabelos negros e lisos?
- Essa mesma. Sabe, ela é uma das minhas amigas. Passou a noite olhando para você, te vendo dançar. E está olhando para cá agora.
- Vou fazer um sinal para ela, chamá-la.
- Melhor não. Esses refletores atrapalham a visão. Vou buscá-la, já volto.
Foi até o grupo, voltou com Jéssica e fez a devida apresentação:
- Com licença, pessoal. Leandro, essa é a amiga de quem lhe falei, a Jéssica. Espero que vocês se deem bem. – disse, piscando para a amiga e para o irmão.
- Eu sou a Jéssica. Muito prazer, Leandro! Gostei de você!
- Encantado! Podemos nos conhecer melhor? – perguntou, ao levantar em um salto e beijar uma de suas mãos.
Foram ao bar, longe de tanto barulho.
Jéssica tinha uma personalidade forte, determinada e envolvente, além de ser despojada e liberal. Era uma moça linda, e mesmo não pertencesse à classe de Leandro e de seus amigos, ele realmente ficou encantado com ela. Além de naturalmente sedutora, usava roupas provocantes e parecia ser muito ativa sexualmente. Leandro vibrou. Não conseguia ficar durante muito tempo sem ter alguém, a questão sexual era muito importante para ele. Se pudesse comprovar sua hipótese, seria uma maravilha.
Ficaram juntos por mais de duas horas, bebendo e conversando. Entre as frases ele sempre fazia uma piada a fim de entretê-la. Embriagados pelo álcool e pela atração que sentiam um pelo outro, foram para o carro e, entre beijos e carícias, entregaram-se à paixão. Sim, eram opostos partilhando de completa sintonia sexual.
Passava das 4 da manhã quando ele acordou, sem camisa e totalmente tonto. A cabeça doía por conta da ressaca e ele apenas se lembrou de que tinha saído da festa e feito o melhor amor de sua vida com aquela garota maravilhosa.
Acordou-a, elogiou-a, agradeceu pela noite, anotou o telefone, pagou um táxi e despediu-se, com promessas de ligar durante a semana.
Chegou a casa e todos dormiam. De tão cansado, tomou outro banho e caiu em sono profundo.
No dia seguinte, não parava de pensar em Jéssica, ao mesmo tempo em que pensava em que dizer a Nathália. Tudo bem que não era sua namorada de fato, porém sabia que não tinha sido honesto. Em contrapartida, estava muito envolvido e nada arrependido, pensando seriamente em ligar mesmo e em encontrá-la mais vezes. Precisava escolher. Bem que queria as duas, mas não podia se arriscar a perdê-las. Por ora, encontrava-se em um beco sem saída. Enquanto isso, preferiu agir naturalmente, sem se manifestar.