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 A Dama de Gelo || Capítulo 09

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Yannikson
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Yannikson


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Cidade : Charqueadas

A Dama de Gelo || Capítulo 09 Empty
MensagemAssunto: A Dama de Gelo || Capítulo 09   A Dama de Gelo || Capítulo 09 Empty10.06.13 19:19

No capítulo anterior: “E eu, como um excelente otário, fiquei observando-a partir, sem ao menos raciocinar sobre meus grais de grosseria. Será que eu havia pegado pesado demais com quem só queria ajudar?”.

Naquela manhã havia parado de nevar e o sol timidamente começou a aparecer. Estava similar a um pingo de mostarda recém-derramado no mais gigantesco algodão doce branco já visto por mim. Apesar de o sol ter dado às caras, o frio permanecia estarrecedor.

A sujeira do café da manhã improvisado por Lisppet permaneceu na mesa de centro da sala enquanto eu inutilmente me jogava por cima do sofá. Nada parecia fácil pra mim, nada parecia ter um lado positivo. Eu tinha vontade de mudar a cada dia que eu levantava meu corpo magricelo da cama, mas era como se eu sempre acabasse fazendo a mesma merda de sempre.

O telefone residencial tocou. Olhei para o aparelho apreensivo, pois não reconheci o toque de imediato. A última chamada que eu havia atendido era da mãe da Izabel, dizendo que ela estava no hospital e que precisava de mim... Só acho que notícias ruins não deveriam chegar por telefone.

- “Buenos dias, Juan"?

- Por supuesto. Quien desea? – e perguntei quem estava falando comigo ao telefone.

- “Aqui é do Centro de Arquitetura Qualificada de Madrid”. – disse ela se referindo ao local onde eu trabalhava antes de todos aqueles incidentes ocorrerem na minha vida.

- Pode falar.

- “O senhor Rodriguez quer saber se não tem como tu dares um pulinho aqui hoje à tarde pra vocês conversarem”.

- Sobre o que se trata?

- “Não sei, ele não me deu mais nenhuma informação. Às 16h fica bom pra ti?”.

- Pode ser.

E desliguei. Provavelmente ele queria saber por que eu nunca mais havia aparecido para trabalhar, talvez quisesse pagar o pouco salário que ele me devia. Mas chegando lá que pude perceber sua real intenção.

- Buenas tardes Juan! – ele disse estendendo a mão para um cumprimento.

- Que tal? – respondi cumprimentando-o de volta.

- Senta-te, por favor!

- Pronto, queria falar comigo?

- Preciso saber sobre a vida dos meus funcionários, afinal de contas eles são pagos para trabalhar e eu preciso saber se estão tendo algum problema ou algo do gênero.

Hahahah, mais um querendo bancar o psicólogo?

- Realmente te importa com isso?

- Grosseiro e mal educado como de costume Juan... O que mais me deixa confortável com este teu temperamento é que é mais fácil de dizer que tu tá demitido por justa causa.

- Eu já sabia.

- Até aí nenhuma novidade.

- Tu irias continuar conosco, apesar de não ter dado explicações no dia que saiu daqui correndo. Tua sogra ligou pra cá explicando tudo, pediu pra não te demitir, pois a situação era difícil... O problema é que tu tá sempre com esta cara de bunda pra todo mundo, não dá pra tentar evoluir contigo na empresa.

- Sempre fiz meu serviço sem incomodá-los e mesmo assim nunca tive reconhecimento algum. Se tu preferes os bajuladores aos profissionais, me sinto feliz pelas minhas atitudes aqui.

- Tu é jovem, graduado, criativo! Usa isto a teu favor. A arrogância não vai te levar a lugar algum.

- Caramba, tu me chamou aqui só pra dar sermãozinho? Eu estava bem ocupado em casa assistindo à programação da TV.

Foi então que ele baixou a cabeça, como sinal de desistência. Este gosto de se sobressair era, no mínimo, triunfal. Mas tão infantil ao mesmo tempo...

- Aqui está teu pagamento, com tudo que tens direito. Deu um total de uns 400 euros, dá pra ti te virar até conseguir outro emprego. Se conseguir é claro.

Meu salário sempre fora uma miséria, mas ganhar um dinheiro não esperado era no mínimo revigorante. Mantive a cara fechada e estava de saída, quando ele resolveu dar a cartada final.

- Te coloquei como um dos privilegiados da empresa e tu decepcionastes a mim e aos teus colegas, que, aliás, sempre quiseram aprender contigo por tu teres mais experiência. A Júlia da recepção, o Alberto da parte financeira e até mesmo os teus próprios colegas arquitetos que estavam dispostos a crescer junto contigo, te tendo como base. Todos estes não te negariam ajuda alguma, não fosse tamanha a tua arrogância.

Quando me deparei com a porta de vidro aberta, pude verificar cada repartição da empresa, cada setor. Eu não sabia nada de ninguém, não conhecia ninguém pelo nome e mesmo assim pude ver que era verdade o que meu ex-chefe falava. Tantas vezes os funcionários chegavam até mim pedir ajuda, tantas vezes ofereciam um cafezinho, convidavam para uma partida de futebol. E todas estas vezes eu havia feito questão de negar, repudiar e me fechar mediante tantas oportunidades de fazer, principalmente, o que me fazia tanta falta nestes dias: pessoas com quem contar e em quem confiar.

E o mais incrível era a minha cara de pau em falar o contrário, só pra não dizer que estava errado e que tinha perdido oportunidades incríveis. Mais uma vez o orgulho predominava sobre minha mentalidade inútil.

- Eu nunca precisei de ninguém e realmente não me importo com ninguém desta merda de lugar.

Peguei o envelope com dinheiro e me afastei de vez daquele lugar de merda. Precisava de novos ares, de novas pessoas. Nem que eu fosse ao mesmo local de sempre, nem que este local me trouxesse as mais remotas e tristes recordações. A Plaza España era sempre um bom lugar de se visitar.

O fim de tarde estava próximo e, sentado em um dos bancos pretos localizado na parte mais alta da praça, pude observar alguns pais brincando com seus filhos, alguns adolescentes com roupas estranhas bebendo e rindo e casais de sexagenários dando beijinhos e mostrando suas dentaduras uns para os outros.

Rodriguez era um cara chato, perfeccionista, porém suas palavras serviram como uma luva para que eu experimentasse e visse que serviam direitinho. Em que momento eu havia me tornado um cara rude e imbecil? Em que momento que tudo isso começou?

Decepcionado com minhas atitudes egoístas e muitas vezes mesquinhas, entrelacei os dedos e pedi para Deus, anjos ou seja lá qual for a Entidade Suprema dona deste mundo gigante, que me desse uma luz. Não para retomar minhas atitudes, não para recuperar tudo o que eu havia perdido. Mas sim para que eu pudesse ter um novo ponto de partida para retomar minha droga de vida!

Do outro lado da rua, bem na esquina para ser mais preciso, lembrei-me do local em que eu tomara um copo de chocolate quente na última semana. Foi então que me veio em mente a última pessoa que tentara me ajudar, a última que parecia de fato se importar comigo, mesmo que minhas atitudes não tivessem sido as mais educadas e mesmo que eu não tivesse entendido sua ajuda como um benefício. A Dama de Gelo... Será que ela ainda estaria atendendo na clínica?

Deixei de ser covarde e entrei na cafeteria. Comprei dois copos de chocolate quente fervendo e dois churrus para melhor acompanhamento da bebida. Retirei do bolso o dinheiro para pagar o que eu havia comprado e já puxei o cartão da formosa Lisppet Morales. Estava disposto a ser cobaia daquela madrileña, nem que fosse pra diminuir minha parcela de culpa por ter sido tão ríspido com ela.

E rapidamente a noite foi se estendendo pela cidade iluminada. E num piscar de olhos lá estava eu, parado em frente ao local de trabalho dela e ainda surpreso com o rumo que eu havia tomado. Era hora de retribuir a companhia que ela me fizera mais cedo...
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