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 A Dama de Gelo || Capítulo 06

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Yannikson
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Cidade : Charqueadas

A Dama de Gelo || Capítulo 06 Empty
MensagemAssunto: A Dama de Gelo || Capítulo 06   A Dama de Gelo || Capítulo 06 Empty30.05.13 19:59

No capítulo anterior “Olhei para o relógio e os ponteiros resolveram marcar míseras 12 horas e 08 minutos. Faltava muito tempo ainda para que a Lisppet voltasse e foi aí que me veio a sensação de abandono. De novo. Será que ela realmente voltaria?”

Apesar da ansiedade, o sono até que resolveu me oferecer ajuda diversas vezes durante a noite. Toda vez que eu acordava assustado e pensava que não conseguiria mais dormir, ele me confortava no travesseiro e cerrava meus olhos lentamente, até eu descansar de vez. Foi assim até que a manhã chegasse e depois o sono se prolongou até as primeiras horas da tarde.

Por entre estes turnos, o médico retirou os aparelhos que estavam ligados em mim, eu levantei pra ir ao banheiro mijar e até me aproximei da janela pra visualizar o movimento de Madrid naquele feriado, porém tudo isto em curtos tempos. Mesmo assim o sono ainda prevalecia devido às medicações que eu tomava de hora em hora, por isso frequentemente eu me rendia. E nada da Dama de Gelo aparecer.

Por volta das 16h30min o médico e a enfermeira que me atendiam até o momento abriram a porta e sentaram-se do meu lado com o ar de que teríamos uma longa conversa. O médico, cujo nome eu não me interessei em descobrir, começou a fazer suas longas recomendações. Suas rugas moldavam todo seu rosto quadrado e o deixavam com uma aparência ranzinza.

- Então vamos ao que interessa senhor Juan... Tu passaste por experiências muito traumáticas nestes últimos dois dias e tentastes dar um resumo na tua vida na tarde de ontem, quando tentaste te matar. Não sei se tu tens noção da gravidade desta atitude e das pessoas que acabam se envolvendo automaticamente nestes casos... Médicos, polícia, investigadores e o diabo a quatro, todos envolvidos por conta de uma única atitude tua: a tentativa de suicídio!

A enfermeira permaneceu de pé, segurando uma prancheta. Era bastante jovem e possuía postura de uma estagiária aguardando ansiosa pelo chefe. Mesmo assim, resolveu complementar o que ele dizia.

- Todos envolvidos para tentar entender os teus motivos e fazer com que tu não os cometa mais! Porque aqui, antes de tudo, nós prezamos pela VIDA!

Entediado pela pouca praticidade dos dois, pensei em interromper suas palavras e ser grosso, como de costume. Realmente a paciência nunca fora o meu forte, porém eu precisava tentar, pra poder sair daquele lugar rapidamente.

- Então, vocês podem perceber que eu estou bem não é mesmo?

- Pelo incrível que pareça tu estás com condições ótimas Juan Díaz! Não teve nenhuma sequela, a tua circulação sanguínea está em excelente estado e tens tudo pra ser liberado hoje. Só que mesmo assim tu vai precisar frequentar algum psicólogo, alguém que possa passar pra polícia e até mesmo pra nós aqui do hospital que tu realmente estás bem psicologicamente. Tu entende do que eu estou falando e onde quero chegar com isso?

Fui preciso.

- Precisas ter a certeza de que eu não vou tentar me matar novamente, é isto? – lembrei do que Lisppet havia me dito na noite anterior, de que eu precisava aparentar estar bem e tudo mais... Apesar de ela não ter aparecido pra me tirar do hospital como prometido, ela tinha razão.

- Exato!!! – disse o médico franzindo a testa como sinal de concordância com a minha sanidade. Acredito que ele estava convicto de que eu não era louco.

Ele finalizou.

- Vou te dar alta hoje e espero não me decepcionar. Lembre-se de que enquanto tu tenta acabar com a tua vida, tem várias pessoas aqui lutando para recuperar as suas.

Ele levantou-se e saiu do quarto, seguido pela enfermeira. Ainda bem que deu tempo de chamá-la!

- Hey!

Ela me olhou.

- Precisa de alguma coisa?

Apesar da envergonhado, eu estava faceiro por sair dali. Acredito que foi por isso que criei tanta atitude. E cara de pau!

- Será que tu não me consegues umas roupas pra mim aí pelo hospital? – neste instante ela viu que a minha vestimenta era somente aquele vestidinho de hospital. – Eu não posso sair assim por Madrid. Ainda mais que está frio...

Quem diria, eu querendo colocar roupas quentes menos de 24 horas depois de ter tentado me matar, nu. Minha mente estava uma confusão tremenda, precisava me reposicionar no mundo, me reerguer de tudo aquilo que havia me derrubado. Voltar pra minha casa talvez fosse um bom começo pra isso.

- Pode deixar que eu já lhe trago alguma coisa pra vestir. – disse ela se retirando rapidamente, provavelmente faceira por não ter que cuidar de mais um doente...

Coloquei a roupa que a enfermeira me oferecera e depois de um tempo assinando papéis, me comprometi a procurar um dos 3 psicólogos específicos daquele hospital para me ‘tratar’. Deram-me um prazo de até um dia para a primeira consulta e pra mim isto já era um alívio! 1 dia longe destas pragas viciadas em enfermos era um bom começo para quem já estava acostumado a ficar no hospital.

Primeiro fiquei acompanhando a Izabel no dia em que ela perdeu o nosso filho. No dia seguinte, depois do enterro do nosso bebê, eu tentei me matar e vim parar neste outro hospital. Foi por isso que tentei me matar, pra evitar a tortura do clima fúnebre destes hospitais e até mesmo a da minha própria vida. Mas eu estava vivo e precisava evitar repetir estas frustrações. Para um fracassado que nem eu, tudo aquilo já era o suficiente.

Saí do hospital e o primeiro vento frio que entrou no meu pulmão me gelou a alma. Foi exatamente igual à primeira respiração de um recém-nascido, estranha, intensa e automaticamente fria. Naturalmente me veio a vontade de chorar e não, eu não sou do tipo de cara que fica chorando toda hora. Pelo menos não era há alguns dias atrás...

No caminho pra casa o vento forte não dava trégua. Os carros estavam cobertos pela geada presente há mais ou menos 4 dias e o céu apresentava 3 camadas de azul brigando, discutindo e se abraçando, tudo ao mesmo tempo.

~x~


O feriado europeu havia enfim chegado e as pessoas começavam a desmanchar suas árvores e enfeites de Natal. Entrando em casa pude perceber que estava tudo exatamente como antes, a árvore grande na sala – ao lado da televisão –, toda enfeitada por Izabel na última véspera natalina.

Fui para o quarto e me deparei com as portas do guarda-roupa abertas e só minhas coisas estavam lá dentro. Izabel já tinha passado por lá pra recolher suas coisas e não se preocupara em deixar nenhuma lembrança, nenhuma mínima recordação.

Sentei em minha poltrona e pelo incrível que pareça me senti tranquilo por ela ter levado tudo que era dela. Agora eu podia enfim fechar os olhos e fazer a minha terapia improvisada sossegadamente, sem contar com a interrupção de nenhuma voz, de nenhum ruído, de nenhum médico velho e nem de ninguém.

Ao fechar os olhos, lembrei da Dama de Gelo que me acolhera tão bem naquele cubículo branco que era o quarto do hospital... Tive a remota sensação de sentir saudades de alguém que não devia, de querer ver e tê-la por perto só pra ter alguém preocupada comigo. Mesmo sabendo que era perfeição demais uma pessoa ser tão adorável, afável e antes disto tudo ter salvo a tua vida. Mesmo sabendo que a minha única especialidade era não possuir nenhuma. Achei que ela voltaria pra me ajudar lá no hospital, mas não apareceu.

Provavelmente ela pôde observar que estava perdendo seu tempo comigo, não discordo da sua razão. O fato era que seus olhos ainda estavam impregnados em minha mente e isto eu não podia modificar. E quando eu estava voando com meus pensamentos obsoletos, a campainha resolveu me chamar...

Jodeeeeerrrrrr, que se pasaba ahora?????
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