No saguão do Hotel, Laura demonstrava um nível de ansiedade e irritação que horas mais cedo dava lugar para uma alegria extraordinária. Já fazia mais de Duas horas que ela estava na companhia de Everaldo esperando Teresa voltar do banco. Até que finalmente Teresa surgia na porta giratória do hotel retirando os óculos escuros com uma maleta nas mãos... Cinquenta Mil Dólares, pensava Laura crescendo os olhos para cima daquela maleta. Teresa ia até os dois, que tão logo se levantavam para receber a madame do dinheiro. Porém Teresa era a primeira a falar.
-Sr.Everaldo, me desculpa por ontem! -Eu estava muito nervosa e...
-Oxe, dona madame... -Dna.Teresa, num tem o qui discurpar não! -Ta tudo muito bem! Teresa sorria meio desconfortável e então dava continuidade ao que pretendia, sem entregar maiores detalhes.
-O senhor pode me acompanhar novamente até Taquarana?
-Oxe! -Mas é claro que eu posso Dona madam... Dna.Teresa! Laura se assustava com aquela decisão tão repentina e imediata vinda de Teresa... Visivelmente confusa Laura olha para todos os lados...
-Só um minuto Dna.Teresa... Eu vou pegar minha bolsa...! Aparentemente tranquila Teresa esboça um sorriso simpático para Laura.
-Não se apresse Laura, não vai ser necessário você ir comigo. -Não se preocupe! -Vamos Sr.Everaldo? Teresa e Everaldo saiam do hotel deixando Laura para trás que tentava esconder o quanto estava visivelmente revoltada. Tão logo o consierge lhe tocava o ombro.
-Dna.Laura? Laura olhava para ele como se desejasse estrangula-lo.
-O que é?
-Tem um senhor no telefone, ligou para o quarto da Dna.Teresa mas...
-E quem é?
-Ele se identificou como Dr.Cézar. -A senhorita deseja atender a ligação ou prefere que transferimos a ligação para o quarto. Laura cruza os braços, olhando para o coitado como se ela fosse uma pessoa altamente superior.
-E correr o risco de vocês ficarem ouvindo a minha conversa? -Transfere! -Desocupados! Laura ia em direção ao elevador onde todos, da recepção, a observava como Laura além de antipatica o quando estava aterada.
...
No quarto, Laura anda de um lado para o outro esperando que o telefone tocasse... Finalmente ela poderia ouvir a voz de alguém que ela realmente gosta. Então mal o telefone toca uma vez e Laura já o atende com um sorriso demonstrando sua felicidade.
-Cezar? A expressão de Laura muda, a felicidade da lugar a uma cara fechada como se ouvisse algo que não foi de seu agrado.
-...! -Quem está falando? -Vera?! -Quem é você afinal? -Você está no flat do Cézar?! -...!!! -Alô?! -Alô?!
Laura fica meio que pasma e então fala consigo mesma.
-Que ordinária!
Uma voz masculina toma o lugar do outro lado da ligação.
-Não Cézar, não é a Teresa, sou eu... Laura! -É, sou eu, Laura! -...! -...! -Quem é essa vagabunda?! -Sua empregada?!
Os olhos de Laura se enchem de lágrimas e sua feição parece se petrificar. Seus labios tremem de raiva e então ela tenta retomar sua compostura.
-Desculpa, Sr.Cézar! -Dr.Cézar! -O que o senhor deseja?
Enquanto Laura ouve o que Cezar tem a lhe dizer, ela faz caras e bocas de pouco caso sobre o que ele lhe diz. Como uma criança fazendo birra.
-Sua dona saiu! -...! -E não sou babá da Teresa! -...! -Olha aqui Dr.Cézar, você me mandou vir com ela por que, hã? -Pra supervisionar a velha? -Pra você saber cada passo que ela dá longe de você? -...! -Eu não sou burra, Cézar! -Posso ser a menininha bonitinha que você engana, mas acha mesmo que eu já não sabia disso? -Você só me usou... É assim que vocês homens falam não é? -Você só me usou, Dr.Cézar, por que eu deixei você me usar meu querido! -Por que eu queria! -...! -...! -Você acha que eu sou trouxa não é Cezar? -É claro que ela não está aqui, eu não sou a idiota que você pensa que eu sou. -Eu não sei! -...! -Eu já disse, eu não sei aonde ela foi! -E mesmo que eu soubesse...! -...! -...! -Tá Cezar, eu sei onde a Teresa foi, mas não estou com menor vontade de te falar. -E se por acaso você quer saber, se realmente você quer saber onde a madame se meteu, pega a Poxa de um avião e vem servir de baba no meu lugar. Laura batia o telefone no gancho com uma fúria que fazia todo o telefone voar longe. Ela se jogava no sofá e com uma almofada no rosto gritando enfurecida enquanto chutava a mesa de centro jogando a almofada longe. Ela tentava se recompor arrumando os cabelos que caiam no rosto. Ela voltava a se por de pé andando de um lado para o outro roendo uma das unhas da mão. Seus olhos tremiam buscando uma solução para sua situação. Até que ela parava e analisava em voz alta.
-Tá... Calma sua idiota! -Calma! -Eu não preciso daquele idiota do Cézar! -A Teresa vai fazer exatamente o que eu falei... -Ela está indo até aquele inferno e vai comprar aquela prostitutinha! -E isso é... -...
Os olhos de Laura brilhavam como se ela tivesse encontrado uma mina de ouro!
-Isso é crime...! Laura esbanjava um largo sorriso colocando as mãos no rosto.
-É claro que é!!! -Comprar uma criança como se fosse um pedaço de carne, é lógico que é crime! -É isso! -É isso! Laura falava da maneira mais debochada possível enquanto ria da situação.
-Posso ter perdido Cinquenta Mil Dólares hoje, mas aquela velha tem muito mais!!! -Ah Teresa! -Teresa! Teresa! -Você vai comer direitinho na palma da minha mão, Teresa Chivera! -Ah se num vai!