Cena 1 – Bangu I/ Niterói / Dia/ Externa - Interna (Cenas Alternadas - Infância Flash Backs)
A rebelião já está tomando conta de uma das alas da penitenciária. Os detentos aos poucos vão tomando conta de tudo. Policiais são pegos como reféns. Cortamos para a sala de monitoramento. Um dos policiais avisa pelo rádio:
Policial 1 – Invadiram a ala 1, 2 e 3, estão seguindo para a ala 4.
Nesse momento Ricardo aparece na câmera e com uma lata de tinta spray preta tampa as lentes de duas câmeras. O policial que vigiava a ação entra em desespero e sai correndo com uma arma não mão apontando para todos os lados possíveis.
(Cortamos Flash Back) Ricardo agora é criança, ele leva um tapa na cara de um homem e com a imagem meio destorcida vê uma mulher caída no chão. Não vamos conseguir ver quem é essa mulher.
(Voltamos para Bangu I)
Bangu I está todo cercado, helicópteros sobrevoam a penitenciaria e o a polícia invade tudo. Neste momento já estamos cortando para uma cela em uma das alas tomadas pela rebelião. Em baixo de uma das camas sob um lençol branco que já está quase marrom de tanta sujeira aparece um túnel cavado por Ricardo e seus colegas de cela.
(Cortamos Flash Back) A cena de Ricardo apanhando continua, ele sai correndo por uma casa pequena e vai para dentro de um quarto bagunçado, vamos ouvir alguns gritos do homem.
Teixeira - Volta aqui moleque. Vem apanhar mais. Hahahahah.
Ricardo continua no quarto. Ele pega uma mochila e coloca algumas roupas ali.
(Voltamos para Bangu I)
Ricardo, Fininho, Quebra osso e Jorge entram no túnel que já está totalmente preparado para recebê-los, ali eles vestem outra roupa e seguem pelo túnel.
Ricardo – Anda rápido ai Poxa. Corre, rápido.
Fininho – Calma ai vei, calma ai. To com falta de ar cara, ajuda aqui.
Ricardo – Anda rápido Caramba.
Ricardo empurra Fininho e eles seguem andando. Quebra osso como é o ultimo a passar pelo túnel agarra pelo grande peso. Ricardo, Fininho e Jorge seguem deixando quebra osso pra tras.
Quebra osso – Calma ai cara, me ajuda aqui, Caramba. Volta aqui. Me tira daqui.
(Cortamos para Flash Back) A cena continua. Ricardo criança sai do quarto com uma mochila nas costas e com o olho machucado. O homem está deitado no sofá e a mulher ainda está caída no chão. Ricardo para diante da Mulher.
Ricardo - Mãe. Eu juro que quando eu crescer e ficar rico vou te buscar pra gente viver feliz.
Ele abraça a mulher que agora já podemos ver que é Antônia. Os dois choram e Ricardo anda um pouco e para no pé do sofá.
Ricardo - Você é um lixo, vai morrer podre. Eu te odeio
Teixeira - Vai te catar moleque, volta pra dentro do quarto.
Ricardo se vira para a mãe e diz:
Ricardo - Me espera.
Antônia entra em desespero ao ver o filho fugir de casa.
(Voltamos para Bangu I)
A polícia começa a invadir o túnel. Ricardo, Fininho e Jorge aceleram e saem em um terreno baldio. Os três saem correndo por ali e somem. Ninguém aparece na imagem mais, só vamos ver alguns matos se mexendo e nada mais do que isso.
Voltamos para a imagem de Bangu I.
Quebra osso já esta preso em uma nova cela. A rebelião foi controlada e só acontece um duas alas da penitenciária. Do lado de fora, pelo pátio é possível ver os detentos nas janelas queimando colchões e roupas. Portas e camas são jogadas pelas grades. Aquilo ali virou uma bagunça.
As imagens vão alterando entre Ricardo correndo no meio do mato e a penitenciária. Vamos ver Ricardo se escondendo de carros de polícia, Colchões pegando fogo. Fininho pulando dentro de um bueiro e celas sendo trancadas. Jorge entra em um mercado e se esconde enquanto o último portão de Bangu I é fechado. O portão bate. E imediatamente voltamos para o Flash Back.
(Cortamos para o Flash back) Ricardo sai pela porta sem olhar para trás e só escuta sua mãe de longe gritando por seu nome.
Antônia - Ricardooooooooooo, Volta. Ricardo, volta meu filhoooo.
Cena 2 - Bangu I / Sala da Diretoria / Dia/ Interna
Estão Fernando e o Diretor da Penitenciária na sala conversando. O diretor está sentado em sua cadeira, enquanto Fernando entra na sala.
Fernando - Com licença Senhor.
Diretor - Entre.
Fernando - Conseguimos senhor.
Diretor – Foi controlado?
Fernando – Positivo. Rebelião controlada.
Diretor – Perdemos quantos?
Fernando – Perdemos? Como assim perdemos? Nos livramos de 36 vagabundos, traficante e estupradores. Tínhamos aqui 40 dos 100 mais procurados do estado do Rio de Janeiro. Agora temos 12, tão tudo queimado e morto. Foi tudo pra vala.
Diretor – Temos que nos retratar. Vamos lançar uma nota na internet. Ta cheio de urubu ai na porta do presídio.
Fernando – Seremos solidários às famílias. Diretor, perdemos grandes amigos aqui dentro.
Fernando sai da sala batendo continência e ironizando.
Cena 3 - Praia da Barra / Dia / Externa
O sol forte brilha na praia, surfistas estão ali aproveitando o dia de grandes ondas. Vamos ver pessoas caminhando na praia e outras andando de bicicleta. Cortamos para Vitória chegando na praia e encontrando com uma amiga.
Vitória - Ai amiga.
Lú - Mentira menina, loiríssima.
Vitória - Pois é menina, radicalizei, de morenaça para loiraça.
As duas seguem para a praia.
Lú - Agora me conta Vitória, e o Luciano?
Vitória - Luciano? Não, chega de Luciano. Pé rapado. Vivia do dinheiro do papai.
Lú - E você vive de que Vitória?
Vitória - Eu vivo do dinheiro do meu pai só que eu sou filha única, se meus pais morrerem o dinheiro é meu. Ele tem mais três irmão, se os pais dele morrer ele tem que dividir a herança, não fica com quase nada.
Lú - Só você amiga.
Vitória - Só eu nada. pergunta aqui nessa praia se alguém não pensa em dinheiro. Vai lá.
Cena 4 - Bangu I/ Dia / Sala de Imprensa / Interna.
Os jornalistas já estão sentados na sala de imprensa aguardando a coletiva começar. Enquanto não começa Mariana e Daniel conversam.
Mariana - Vamos fazer umas fotos dele. Quero essa reportagem na capa. Já to vendo até o título. “Rebelião em Bangu I liberta 3 dos 40 bandidos mais perigosos do Rio de Janeiro”. Isso é capa Daniel, é capa.
Daniel - Mariana, Mariana, vamos com calma. O carrasco do Frederico não vai liberar assim uma capa.
Mariana - Tira as fotos que com ele eu me entendo.
Fernando entra na sala e os fotógrafos já vão logo tirando fotos.
Fernando - Vamos um de cada vez fazer uma pergunta e pretendo responder todas.
Jornalista 1 - O que realmente aconteceu aqui?
Fernando - O que aconteceu aqui foi uma revolta de alguns detentos, nada saiu do controle, conseguimos controlar tudo.
Mariana - Mas e os três fugitivos?
Fernando - Sim, três detentos fugiram mas posso garantir a vocês que nenhum deles oferece perigo.
Mariana - mas...
Fernando - Por favor, vamos dar oportunidade a outros jornalistas.
Jornalista 2 - Algum detento morreu?
Fernando - Positivo, podermos 36 detentos e já estamos tomando as devidas providências para auxiliar as famílias.
Mariana - Você disse que os fugitivos não oferecem nenhum perigo, mas tivemos a informação de que Ricardo Borges fugiu e segundo minhas fontes ele é o bandido mais procurado do estado do Rio de Janeiro.
Fernando - Não, esse morreu na fuga. Fim da coletiva.
Fernando se levanta e deixa os jornalistas falando sozinhos. Os fotógrafos continuam tirando as fotos. Mariana e Daniel vão saindo da sala.
Daniel - Você em? Acabou com a coletiva.
Mariana - Eu não. A minha pergunta acabou com a coletiva. Porque ele parou logo na hora que falei do Ricardo Borges?
Daniel - Claro que ele não iria assumir que deixou o bandido mais procurado do estado fugir de uma penitenciária de segurança máxima NE.
Mariana - Muito estranho.
Cena 5 - Niterói / Casa de Antônia/ Dia / Interna
Antônia está pronta chegando em casa no fim da tarde. Ela entra coloca a bolsa sobre a cadeira da copa e segue para a cozinha. Ela pega um copo e vai até o bebedouro, pega água e para em frente à uma janela.
Teixeira - Tonha. Tonhaaa.
Antônia - Sai daqui Teixeira. Vai caçar suas negas.
Teixeira aparece bêbado na janela.
Teixeira - Tonha, ajuda Tonha. To precisando de cinqüenta reais, ajudda eu tonha.
Antônia - Sai daqui Teixeira, já falei pra procurar aquelas suas negas. Você aça que depois de tudo que eu passei com você vou ficar sustentando as suas bebedeiras.
Teixeira avança sobre Antônia e a segura pela gola da blusa.
Teixeira - Vai me ajudar sim, me da ai tudo que você tem no bolso.
Antônia assustada joga o copo de água na cara dele. Teixeira solta e cai pra trás. Ela sai com uma vassoura e o joga na rua.
Antônia - Fica ai. No seu lugar. Sarjeta. Lixo podre, isso que você é.
Antônia se vira e sai andando.
Teixeira - Volta aqui Tonha, ajuda eu Tonha, me deixa aqui não.
Antônia sem dar confiança segue andando para dentro de casa. Ela tranca a porta e entra no banheiro. Ela tira a blusa e ainda de sutiã olha uma cicatriz no braço e começa a chorar.
Cena 6 - Flash Back/ Dia/ Casa de Teixeira/ Interna
Teixeira está deitado no sofá e Antônia no chão. A cena da continuidade ao momento em que Ricardo ainda criança foge de casa.
Antônia - meu filho saiu de casa por sua causa. Você é um monstro. Eu te odeio, seu monstro.
Teixeira - Cala boca sua piranha. Cala a boca se não te mato.
Antônia - Como você pode deixar o seu filho sair de casa.
Teixeira se levanta.
Teixeira - Meu filho? Nem sei se ele é meu filho. Uma piranha igual você pode muito bem ter me enganado.
Antônia - Te enganado pra que?
Ela se levanta.
Antônia - Você sempre foi um pé rapado, um pobretão medíocre.
Teixeira da um tapa na cara de Antônia.
Teixeira - Vai continuar?
Antônia - Seu lixo, espancador de mulheres, você merece a cadeia.
Teixeira da outro tapa na cara de Antônia e ela cai no chão.
Teixeira - Continua e você vai parar debaixo da terra. Vai pra vala.
Antônia - Se me matar você vai preso, todo mundo sabe que você me bate e me ameaça de morte.
Teixeira da um chute na estante que está encostada na parede e um porta retrato com a foto de Antônia, Teixeira e Ricardo juntos cai sobre o braço dela e a corta profundamente. Antônia chora de dor e Teixeira vai saindo pela porta.
Teixeira - Isso é um por cento da dor que você vai sentir se continuar me desafiando.
Antônia agoniza no chão.
Cena 7 - Niterói / Casa de Antônia/ Dia / Interna
(Continuação imediata da cena 5)
Antônia chora no banheiro. Termina de tirar a roupa e entra no banho.
Cena 8 - Centro do Rio de Janeiro / Noite / Externa
Ricardo aparece entre alguns carros. Ele não sabe para onde fugir. Dois carros de polícia aparecem. Ricardo entra em desespero e pula na frente de um ônibus que vem passando.
Ricardo - Para ai, para ai.
Ricardo entra no ônibus e saca uma arma que está em sua calça.
Ricardo - Todo mundo quieto. Continua andando moto. Se parar todo mundo morre. Isso aqui é um sequestro, vai todo mundo comigo. Quem der uma de espertinho vai pra vala.
O motorista continua andando.
Ricardo - Vamo lá todo mundo me passa tudo, bolsa, relógio, celular, tudo.
Ele pega aos poucos os pertences . No fundo do ônibus tem uma menino com a mãe.
Criança 1 - Mãe, to com medo.
Mãe - Calma, fica aqui. Não olha.
Ricardo escuta e vai tirar satisfações.
Ricardo - O que que mamãe ta falando ai? Olha sim menino, isso aqui é a nossa realidade, vai se acostumando.
A mulher tapa o olho do filho e Ricardo aponta a arma para o rosto dela.
Ricardo - E se eu tampar o seu olho com isso aqui? O que acontece?
Ricardo ainda com a arma apontada para o rosto da mulher.
Ricardo - Segue moto. Hoje vamo ver muito sangue.
Fim do Capítulo.
